Por: Sílvio Costa
Os países africanos debatem-se, ainda com graves problemas socioeconómicos. Problemas que conformam dificuldades várias e um enorme impacto no IDH (Índice de Desenvolvimento Humano).
Os precários cuidados de saúde, a falta de acesso à água potável, energia eléctica, saneamento básico e educação são uma realidade à escala gigantesca em todo o continente.
A África precisa de correr para poder eliminar de forma eficiente estas discrepância e diminuir a assimetria que tem em relação a outras regiões do globo.
A falta de estruturas, de recursos humanos e de políticas públicas voltadas para o desenvolvimento mantêm o continente preso às suas próprias debilidades. Toda esta realidade é, por demais sabida e vivida por todos, em África.
Entretanto, a África tem hoje uma oportunidade soberana para acelerar os seus processos de desenvolvimento socioeconómico e mitigação de problemas.
A tecnologia nunca esteve tão acessível e barata como está neste momento e a tendência é tornar-se ainda mais.
Mesmo que as comunidades africanas e os seus governos coloquem problemas em relação a utilização de tecnologia em zonas remotas, os desenvolvimentos em relação às energias renováveis e o acesso a serviços de geo-localização e internet por satélite ultrapassam esta questão.
É necessário, no entanto, que os governos revejam as suas agendas de desenvolvimento e criem rubricas específicas de apoio à utilização de sistemas tecnológicos em grande escala.
Os problemas de manutenção e os custos de estrutura podem ser ultrapassados por sistemas de pequeno porte ligados em rede.
A educação, os serviços de saúde, a agricultura, o acesso à água, os ecossistemas, a economia local de forma circular são alguns exemplos de áreas que podem beneficiar de forma exponencial da utilização da tecnologia.
A África pode, inclusive, utilizar tecnologia que já existe e criar centros de adaptação e desenvolvimento de competências em cada região a actuar.
Podemos dar o exemplo das bibliotecas virtuais distribuídas pelas regiões mais recônditas e desfavorecidas da província do Moxico, num projecto coordenado por D. Tirso Blanco, bispo do Luena, onde as escolas recebem tablets com cerca de oito mil livros e que podem ser actualizados quando ligados à internet (processo que é feito de forma coordenada numa “box” que actualiza a biblioteca e recolhe dados de utilização para estatística, quando os coordenadores locais a enviam para o posto central), dando assim, à crianças e jovens destas áreas acesso a literatura que não teriam se esperassem por bibliotecas físicas.
É de extrema importância que os governos ouçam os players ligados aos ecossistemas de empreendedorismo tecnológico e tenham o “atrevimento” de dar suporte a programas de aceleração tecnológica incluindo parceiros locais.
Arriscámo-nos, inclusive, a dizer que a África, as suas comunidades periurbanas e rurais precisam das startups como de calçados para os pés e é da responsabilidade de todos dar á África esta oportunidade.
Todos os países do mundo já começaram o processo de transformação tecnológica e a África corre o risco de aumentar a sua assimetria negativa se não embarcar, com todas as suas comunidades neste comboio do desenvolvimento.
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