Por: Sílvio Costa
A transformação digital está na ordem do dia e as empresas precisam começar a fazer a sua transformação se quiserem sobreviver nestes novos tempos.
O mundo está no limiar da quarta revolução industrial e toda a estrutura de convivência estará subordinada a processos tecnológicos, por isso, mais do que a transformação digital, as empresas deverão fazer uma transformação tecnológica.
A quarta revolução industrial será a convergência de tecnologia digital, física e biológica e mudará toda a nossa vida.
A transformação dar-se-á com a adoção do digital, mas também, com novos equipamentos, robots, a IOT (internet das coisas), e processos de biotecnologia e nanotecnologia.
Como diz o economista alemão Klaus Schwab, no seu livro A Quarta Revolução Industrial, de 2016, “Estamos a bordo de uma revolução tecnológica que transformará, fundamentalmente, a forma como vivemos, trabalhamos e nos relacionamos. Em sua escala, alcance e complexidade, a transformação será diferente de qualquer coisa que o ser humano tenha experimentado antes“.
O Uber (maior empresa de transportes sem carros), airbnb (maior empresa de alojamento sem quartos), as inovações da apple (computação, comunicação móvel, cloud, música, etc, etc), a Tesla (electricidade ao invés da combustão fóssil), Solarcity e outras (energia solar, eólica, geotérmica, biomassa, etc), Amazon (massificação do comércio electrónico), Boston Dynamics (robots multifuncionais), Oculus (realidade virtual) e Niantic (realidade aumentada), TTEC (teletrabalho), Teladoc (telemedicina), Vipkid (educação à distância), e até, NovoNordisk ou Basf que trabalham com bio e nano tecnologia como as utilizadas na recente vacina contra a covid-19 são exemplos da forma de pensar, agir e relacionar-se do homem com o mundo na era da transformação tecnológica.
A terceira revolução industrial iniciada com o fim da segunda guerra mundial, trouxe a digitalização para os processos produtivos e democratizou a tecnologia com o aparecimento do computador pessoal, da internet e do telefone celular. A digitalização tornou exponencial o acesso à informação e colocou o consumidor em contacto directo com o que deseja, deixando de ser um ente passivo e passando a dominar o processo de compra e a estar no centro de todo o processo comercial.
A geração nativa-digital (nascidos no fim do Séc.XX), utiliza a tecnologia como meio, ferramenta e canal principal de relacionamento com o mercado, o que exigiu das empresas uma transformação neste sentido. Esta transformação vinha-se fazendo ao ritmo possível tendo em conta a disponibilidade cada vez mais barata para as empresas, de equipamentos e tecnologia nas quais era necessário investir.
O aparecimento dos serviços em nuvem, de SaaS (software as a service), tornaram o acesso à tecnologia muito mais barato para as empresas tornando-o acessível, inclusive as PME (pequenas e médias empresas), permitindo que hoje, até os profissionais autónomos e freelancers possam ter presença e serviços digitalizados.
A pandemia veio acelerar o processo de digitalização com a necessidade de implementar processos como o teletrabalho, ensino a distância e trabalho colaborativo com distanciamento físico, o que elevou o nível do desafio e da necessidade de mudança em direcção à transformação tecnológica.
Mesmo que a presença digital já seja um facto para a quase totalidade das empresas com a utilização das redes sociais para se dar a conhecer, promover produtos e serviços e, até relacionar-se com o mercado, isto está muito longe do que deve ser a transformação de que estamos a falar.
A transformação tecnológico-digital deve fazer parte de um novo conceito de estar no mercado, criar produtos, serviços e modelos de negócio e relacionar-se com o mercado. Esta transformação deve fazer parte do posicionamento estratégico da empresa e deverá mudar toda a cultura organizacional.
Será necessário ter em conta alguns requisitos:
● O foco do negócio passou a ser o consumidor final e todos os processos deverão estar orientados neste sentido.
● A experiência de compra deverá ser mais rica e expressiva, principalmente, porque começa de forma virtual.
● Os vendedores deverão ter um conhecimento profundo do produto/serviço e da sua proposta de valor para o consumidor. Simples informações técnicas são insuficientes, visto que muitas delas já são do domínio do consumidor.
● As empresas devem aprender a colectar e trabalhar dados (data driven organization), e estes serão a base do processo de tomada de decisão.
● A eficiência deve ser apanágio de todo o processo de transformação tecnológico-digital.
No caso das PME a transformação digital será fundamental para reduzir custos, criar modelos e processos ágeis e eficientes, eliminar erros e aumentar a competitividade num mundo onde a concorrência é cada vez maior e virá, em grande parte, de freelancers e autónomos num mundo virtual sem barreira e distância físicas ou geográficas.
Empresas que não se transformarem ou ficarem para trás neste processo correm o risco de deixarem de ser reconhecidas pelos consumidores, perderem agilidade, tornarem-se caras para os donos e investidores e entrarem numa dinâmica de retrocesso e consequente falência como já aconteceu com empresas como a Kodak que, sendo a principal do sector da fotografia, não deu a importância devida ao digital e fechou as portas.
No entanto, antes de falarmos da forma como implementar a transformação tecnológico-digital na sua empresa precisamos reconhecer que existem desafios a ultrapassar:
● Mudar a cultura da empresa para um mindset (forma de pensar), digital.
● Dificuldades técnicas (equipamentos), e limitações em TI (tecnologias da informação).
● Dificuldades com segurança de equipamentos e informação.
● Decisões financeiras e sobre o ROI (retorno sobre o investimento).
● Falta de iniciativa da liderança.
A transformação tecnológico-digital deve estar assente em três pilares fundamentais:
1- Pessoas.
A transformação tecnológico-digital deve permear toda a organização e envolver da gestão aos colaboradores como um todo. Não é um processo exclusivo do departamento de TI (tecnologias de informação). As pessoas da empresa devem perceber a importância de pensar de forma digital e a gestão deve promover mudanças e adaptações à cultura da empresa tendo em conta novas tecnologias, novos processos, novos equipamentos e nova forma de relacionamento com o mercado.
O mindset (modelo de pensamento), tecnológico deve fazer parte do posicionamento estratégico da empresa e manter o foco na utilização desta transformação com o objectivo de trazer a melhor experiência e criação de valor para o cliente.
2- Tecnologia.
A tecnologia é o cerne da questão! Nem todas as tecnologias disponíveis serão boas para as empresas e estas deverão respeitar o modelo de negócio e, principalmente, a busca pela eficiência e melhoria dos processos existentes.
É necessário ter em conta o investimento à volta da aquisição de nova tecnologia, a sua implantação e todas as questões inerentes ao envolvimento da empresa e das pessoas.
A tecnologia deve estar ao serviço do propósito da empresa, da eficiência, competitividade e óptima experiência do cliente e nunca ao contrário. A empresa não pode ser refém de softwares exigentes e complicados, muitas vezes caros e dos quais só retira problemas.
3- Processos.
As pessoas deverão conhecer e adaptar-se às novas tecnologias adquiridas pela empresa para que adoptem processos que possam optimizar o investimento na transformação e buscar resultados baseados no aumento da eficiência e melhoria na relação com o mercado para resultados satisfatórios.
É importante fazer um diagnóstico para descobrir o quanto a sua empresa é “figital” (física e digital) e definir quais os processos devem começar já a transformação e quais outros podem ainda manter-se analógicos.
A empresa deverá criar um programa de mudança bimodal onde irá subsistir sistemas analógicos e digitais à medida que os segundos substituem os primeiros. A mudança brusca e definitiva poderá levar a barreiras, inadaptações, falta de preparação e resistências, não podendo esquecer que o primeiro pilar são as pessoas.
O processo de transformação tecnológico-digital é irreversível e mesmo empresas que estejam em ambientes mais remotos serão obrigadas a dar passos neste sentido.
Como toda a transformação esta exigirá das empresas empenho, adaptação e investimento e, principalmente, uma forma muito diferente de organização e relacionamento.
O mapeamento de processos, a gestão de recursos humanos e outros e a orientação estratégica baseada em businnes inteligence (inteligência de negócios), e data driven (orientação por dados), devem ser adoptadas desde o início.
A importância de apoio especializado com consultoria focada nesta transformação será um suporte de vital importância para que as empresas possam transpor este novo e enorme desafio para o novo mundo que já chegou!
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