Os governos dos Camarões, República Democrática do Congo (RDC) e da República do Congo estão a negociar possíveis lançamentos das suas primeiras soluções financeiras baseadas em blockchain. Os três países divulgaram recentemente comunicados separados em que se mostram interessados em lançar stablecoins na The Open Network (TON, na sigla inglesa), blockchain criada originalmente pelo Telegram.
“Estamos a começar a considerar com entusiasmo o lançamento de uma stablecoin nacional na blockchain TON, que democratizará o acesso ao nosso sistema financeiro para milhões de cidadãos com e sem conta bancária”, disse o Ministro da Economia Digital da RDC, Désiré Cashmir Eberande Kolongele.
Désiré Cashmir Eberande Kolongele, Ministro da Economia Digital da RDC – Créditos: D.R
De acordo com a Forbes, o plano para cada um destes países da África Central é lançar moedas estáveis (stablecoins) na blockchain TON, mas a iniciativa, segundo a revista, não faz parte de um lançamento de uma Moeda Digital do Banco Central (CBDC) para nenhum dos 3 países.
“Chegamos a um acordo com os representantes da TON, uma blockchain originalmente projetada pelos fundadores do Telegram Messenger e agora independente. Com base em uma avaliação cuidadosa, a tecnologia, os produtos e o estágio de desenvolvimento da TON nos fornecem o maior potencial para alcançar as nossas ambições.”, referiu uma fonte próxima ao governo da República do Congo.
Em comunicado de imprensa divulgado pela TON, a Ministra dos Correios e Telecomunicações dos Camarões, Minette Libom Li Likeng, disse: “isso marca uma mudança radical no destino económico dos Camarões, pois esperamos uma economia futura mais digitalmente habilitada. Ao colaborar com a TON para desenvolver um modelo financeiro digital viável para nossa nação, estamos orgulhosamente a liderar o caminho para facilitar o acesso a instrumentos financeiros modernos para todos.”
Minette Libom Li Likeng, Ministra dos Correios e Telecomunicações dos Camarões – Créditos: D.R
Um conceito hibrido de stablecoin
Do ponto de vista conceitual, as três nações consideram haver 3 tipos de stablecoins: as que são lançadas pelos bancos centrais, as que pertencem aos mercados de massas ou privadas e o tipo híbrido.
“Há diferentes tipos de activos digitais estáveis: temos CBDCs, que são utilizadas principalmente para liquidações interbancárias, e então existem as stablecoins de mercado de massa de consumo, como USDC e USDT, que são atrelados ao dólar. Mas, existe essa outra abordagem híbrida, onde existem stablecoins aplicáveis regionalmente e regionalmente relevantes; esse é o tipo de abordagem que queremos na RDC”, disse uma fonte próxima ao governo da RDC.
Ao que tudo indica, o governo da RDC já está a preparar uma abordagem regulatória sobre o assunto, tendo dito em comunicado que é do seu interesse criar um ambiente jurídico e financeiro favorável à promoção destas tecnologias.
“Assim como a internet, que era pouco conhecida no início, mas agora se tornou comum, parece bastante óbvio que o mundo evoluirá na direcção de uma maior consolidação deste tipo de moeda. É do nosso interesse reflectir sobre a possibilidade de o país desenvolver este tipo de moeda e criar um ambiente jurídico e financeiro favorável à sua promoção”, refere o comunicado do governo.
Não foram dados detalhes sobre como cada stablecoin funcionará, mas a fonte da RDC avança que o tipo de stablecoin que as três nações pretendem lançar assemelha-se mais ao serviço de dinheiro móvel M-PESA do que propriamente a moedas digitais do banco central.
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