Como levar internet e ensino a todas as escolas do mundo por meio de ciência e tecnologia espacial

Em colaboração com Ruvimbo Samanga 

 

Projecto GIGA e UNISAT: O Caso de Angola e Zimbabwe no programa da UNICEF e ITU e SGAC (Parte 1 de 4)

A Economia da Informação Global

O mundo, tal como conhecemos hoje, sempre se movimentou a uma velocidade média de 1.674 km/h. No entanto, a evolução da economia global de conhecimento tem feito jus ao princípio da relatividade dando um incremento a essa velocidade de rotação e translação da terra, bem mais rápido do que esperávamos, como resultado da pandemia global. Agora, mais do que nunca, estar conectado digitalmente é vital para o crescimento económico e a integração de uma nação na economia global. Apesar da necessidade de conectividade aprimorada para manter os processos comerciais, sociais e administrativos em andamento, pelo menos 3,6 bilhões de pessoas em todo mundo não têm acesso à internet.

Esta é uma posição insustentável, uma vez que a tomada de decisões através do uso de dados é o ponto crucial do nosso desenvolvimento. O acesso à informação é mais importante do que nunca para os negócios, educação e bem-estar.

Hoje em dia, o conceito de “internet das coisas” passa a ganhar a dimensão e nome de “internet das boas coisas”, cujo o objectivo é transformar vidas e proporcionar oportunidades, tornando o conhecimento acessível universalmente. Muitos dos bons exemplos que devem ser apoiados ou replicados serão abordados nesta série de artigos.

O estado da conectividade nas escolas e educação em Angola

Tendo em conta a importância do acesso à internet, é importante começar por ter uma visão geral e uma análise do estado actual da conectividade e da educação espacial na região.

Angola no seu vasto território de 1.246.700 km2, tem pelo menos 13.000 escolas que oferecem aulas públicas e privadas, desde o ensino primário até ao segundo ciclo do ensino secundário (e dentro destes, também são fornecidas opções de ensino técnico e profissional).

Um bom planeamento e gestão dos recursos e infraestruturas é a primeira e a mais importante das acções a serem levadas a cabo para garantir que o processo de levar internet e educação às escolas seja concretizado com sucesso.

Angola já usa Sistemas de Informação Geográfica e Sensoreamento Remoto para garantir a qualidade de ensino. O objectivo dos autores é de analisar a eficiência e eficácia dos métodos e ferramentas de mapeados e compilação dos dados e indicadores educacionais do país feitos pelo Ministério da Educação por meio do Sistema de Gestão da Educação (SIGE).

Segundo o SIGE, nos últimos 20 anos, o número de jovens matriculados no ensino primário e secundário aumentou de 2,2 milhões em 2001, para uns impressionantes 11 milhões em 2019 (este aumento ocorre principalmente no ensino primário, com uma taxa de escolaridade líquida de 71,3% e uma taxa bruta de 109,5%); Apesar destes valores, o INE realizou a Análise de Privações Múltiplas Sobrepostas (MODA) em 2018, que revelou que apenas 43,7% das crianças com idades compreendidas entre os 12 e 17 anos conseguiam concluir a sua escolaridade e mais de 40% das crianças com idades compreendidas entre os 8 e 11 anos têm um atraso mínimo de dois anos em sua educação; Além disso, apesar do progresso feito nas matrículas no ensino primário, o mesmo estudo do INE mostrou que a matrícula bruta no ensino secundário tinha caído de cerca de 58,5% (54% para meninas e 63,4% para meninos), enquanto as matrículas líquidas também caíram para os alarmantes 39,7% (37% para meninas e 42,6% para meninos), deixando a paridade de gênero em 0,87 para matrículas líquidas e 0,85 para matrículas brutas.

A ciência e tecnologia espacial como solução para o acesso ao ensino de qualidade e para todos

Como tem sido apanágio nos últimos tempos, a expansão da pandemia da COVID-19, agrava o cenário do sector da educação, exigindo o ensino à distância como alternativa e medidas de higiene em condições mínimas de saúde para a reabertura das escolas, conforme preconizado por organismos internacionais e nacionais. De acordo com o IIMS3, 53% das famílias têm acesso a fontes de água adequadas e apenas (32%) das famílias têm qualquer tipo de instalação de saneamento adequado. A realidade habitacional não é muito diferente nas escolas, o que aponta para um enorme desafio no trabalho de limpeza das escolas para o retorno às aulas. Perante este cenário, surge então mais uma oportunidade e necessidade de fazer chegar as condições de acesso à internet e telefonia para que as casas onde estão esses estudantes ou as suas escolas possam continuar a ter as condições adequadas para aprendizagem. Com o lançamento do primeiro satélite angolano e percebendo o importância que os serviços de comunicação por satélite e fibra óptica têm para o país, um investimento enorme foi feito para a melhoria e expansão das infraestruturas de telecomunicações.

O problema que se coloca para aonde levar internet se não há um número, um mapeamento exato das escolas que precisam de intervenção, nem a medida dessa intervenção. A solução para isso é mapear essas escolas e locais onde se quer fazer chegar o ensino através da conectividade à internet. Existem inúmeras alternativas, no entanto como proposto inicialmente, a sugestão do autor é que se use um dos métodos que tem demonstrado melhor viabilidade técnica e económica, isto é, o uso de imagens de satélite de alta resolução e inteligência artificial para mapeamento da conectividade nas escolas. Dada a especificidade do assunto e o interesse dos autores permitir que o conhecimento partilhado seja implementado na pratica, o próximo artigo desta série vai explicar na pratica como é que a Angola pode obter um mapa com o estado e necessidade de conetividade das escolas que sirva de apoio ao processo de tomada de decisão.

Mapa da conectividade nas escolas do Zimbabwe

Angola ainda não aderiu a esta iniciativa, mas acredita-se que esteja a caminhar para tal pois cumpre com os requisitos necessários em termos de recursos humanos, matérias e métodos para o cumprimento dessa missão.

Neste primeiro artigo pretende-se partilhar apenas a noção geral de como a conectividade escolar pode catalisar a educação. Nos próximos artigos dessa série, será apresentada a solução concreta para levar conectividade para as escolas e a partir daí melhorar a qualidade da educação, agregando a esse plano curricular, educação espacial e a sua pertinência no currículo académico. Porque na perspectiva dos autores, a educação espacial é vital para inspirar e dar as ferramentas para que os jovens comecem por participar no sector espacial como contribuintes e passem a ser beneficiários directos da exploração espacial. Os autores também acreditam que os jovens angolanos e zimbabuanos têm mostrado um imenso potencial para inovar de uma maneira socialmente responsável, como evidenciado pelo número de iniciativas lideradas por jovens no continente.

Portanto, o próximo artigo irá compartilhar a perspectiva dos autores e pesquisa sobre como o Espaço está a transformar a conectividade e a educação para as comunidades vulneráveis e como Angola está lidando com tudo isso.

 
 
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