O Especialista em segurança cibernética defendeu na terça-feira(20), num Webinar dirigido a jornalistas, que a falta de aplicação da lei da partilha de infraestruturas cria vários entraves ao desenvolvimento do sector das telecomunicações em Angola, porquanto impede a entrada de mais players, com consequências no preço e na qualidade e diversidade dos serviços prestados ao consumidor final.
Durante a interação com os jornalistas Hélio Pereira lembrou que actualmente, em Angola, as instituições de maior relevo, incluindo ministérios, investem individualmente em infraestruturas de telecomunicações próprias.
De acordo com o especialista, quem sofre é o consumidor que é obrigado a pagar mais caro por serviços de voz e dados. Cinco vezes mais caro se compararmos Angola a países como o Quénia e a Argélia. “Em angola um gigabit custa a volta de 3,189 Kwanzas, no Quénia o mesmo 637 Kwanza. Considerando que o consumo médio mensal em Angola é de 17.569 Kwanzas, dá para perceber que quase não sobra dinheiro para internet depois de feitos os gastos com alimentação, necessidades domésticas e outros gastos vitais”.
O impacto do custo exorbitante da internet em Angola ficou mais evidente durante a pandemia visto que a grande maioria dos estudantes ficaram prejudicados por não terem acesso à internet para acompanhar aulas virtuais ou porque as próprias escolas ou universidades não têm internet.
Hélio Pereira, especializado em segurança na internet, lembrou que Angola já conta com infraestruturas de telecomunicações robustas, graças aos investimentos realizados pelo Estado ao longo dos últimos 10 anos. Entretanto, é fundamental que esta Infraestrutura para que mais operadores entrem no mercado, para que melhores serviços sejam prestados, para que as telecomunicações tenham um custo para o consumidor mais baixo.
Instado pelos participantes a dar um exemplo concreto do impacto imediato que a lei teria caso fosse aplicada, o palestrante declarou que no dia em que os operadores de internet em Angola poderem estar ligados directamente ao local de atracagem do cabo submarino WACS, poderia acontecer uma redução substancial dos custos para o consumidor numa questão de meses.
Ao logo do Webinar moderado pelo jornalista José Chimuco, ficou claro que a não aplicação da lei de partilha de infraestruturas, impede o desenvolvimento de uma série de serviços e soluções de problemas concretos que o país enfrenta, tendo destacado o papel crucial dos jornalistas para educarem e informarem sobre a necessidade da aplicação da lei como forma de garantir a inclusão digital, especialmente das pessoas fora dos grandes centros urbanos que poderiam beneficiar da internet do ponto de vista do acesso a serviços públicos, da educação à distância ou de telemedicina.
Hélio Pereira é Perito forense digital e investigador de crimes cibernéticos, especialista em mitigação de risco cibernético e combate aos crimes informáticos desde 2017. Trabalhou em casos de instituições financeiras e órgãos governamentais brasileiros, formador no Departamento Estadual de Investigação Criminais no Brasil. Ao longo de sua carreira actuou em consultorias brasileiras como Perito e Investigador de crimes cibernéticos e mitigação de crises.
Perito acreditado pela Associação de Peritos Judiciais do Estado de São Paulo APEJESP e CRA-SP, membro da HTCIA (HIGH TECHNOLOGY CRIME INVESTIGATION ASSOCIATION).
Nos últimos 2 anos proferiu mais palestras e formações sobre segurança da informação, investigação e Perícia forense digital e actuações em casos complexos, inclusive em colaboração com polícias especializadas.
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