Nesta 13ª edição da Feira de Inovação Tecnológica do Instituto de Telecomunicações (FITITEL), que decorreu sob o lema “Tecnologias Digitais Para uma Sociedade Saudável e Sustentável”, deparámo-nos com um aparelho denominado “Sistema Detector de Malária não Invasivo”, um aparelho criado por duas jovens estudantes e irmãs, Awa Joaquim Dieme, do curso técnico de Electrónica e Telecomunicações, e Adama Joaquim Dieme, do curso técnico de Informática. O projecto tem um carácter sustentável e promete mudar a forma como os testes para a detecção da malária têm sido feitos.
Falando em exclusivo ao Portal de T.I, Awa Joaquim Dieme explicou como funciona o sistema por elas criado e a razão de terem escolhido e trabalhado especificamente neste tema e não outro.
Segundo a jovem estudante, o “Sistema Detector de Malária não Invasivo” utiliza uma tecnologia capaz de detectar mudanças nos glóbulos vermelhos de um paciente, permitindo fazer um rápido diagnóstico sobre o estado do mesmo. Ou seja, quando os glóbulos vermelhos são atacados pela malária, explica, a forma, a cor e a sua concentração no sangue muda. Uma vez detectada essa mudança no estado dos glóbulos, o aparelho transmite, em dois minutos, um sinal ao aplicativo agregado a si, reportando a presença de malária sem precisar tirar uma amostra de sangue.
“Primeiro faz-se a higienização das mãos, a seguir põe-se o dedo indicador no nosso aparelho e então um raio de luz monocromático incidirá sobre o dedo, podendo dizer se o paciente está ou não infectado”, acrescentou.
Aparelho detector de malária não invasivo – Créditos: D.R
Durante a fase de concepção, a funcionalidade do aparelho foi testada no Hospital dos Cajueiros, em Luanda. O processo consistiu em duas etapas: Primeiro o paciente era testado utilizando-se o aparelho criado pelas estudantes, após se saber o resultado os pacientes eram novamente testados, mas desta vez utilizando-se o método invasivo que envolve a retirada do sangue. Em mais de 100 testes efectuados, os resultados apresentados pelo aparelho foram iguais aos conseguidos com o método invasivo.
Base científica
Quanto a base científica por trás do projecto, Awa Joaquim Dieme revelou que a funcionalidade do aparelho criado assenta, em parte, na lei de Lambert-Beer sobre a espectrofotometria, uma lei desenvolvida pelo investigador suíço Johann Heinrich Lambert, cujo método consiste no estudo da interacção da luz com a matéria.
Segundo esta lei, cada composto químico absorve, transmite ou reflete luz ao longo de um determinado intervalo de comprimento de onda, sendo por isso possível aplicar a espectrofotometria na identificação e quantificação de substâncias químicas a partir da medição da absorção e transmissão de luz que passa através da amostra. E foi basicamente isso o que as jovens estudantes fizeram.
“O estudo do sangue nos hospitais é feito actualmente com recurso ao espectrofotómetro, e com a mesma teoria da espectrofotometria e a lei de Lambert-Beer, Isaac Newton uma vez fez um estudo sobre a incidência da luz nas substâncias, é esta mesma teoria que nós implementámos no nosso projecto, porque sabemos que nada é impossível”, reforçou Awa Joaquim Dieme.
A jovem estudante revelou também que apesar de terem tido éxito com o projecto, que levou seis meses a ser desenvolvido, o processo de criação foi uma etapa difícil, visto que foi tudo criado do zero e foram necessárias algumas formações em medicina para melhor compreenderem a funcionalidade dos glóbulos vermelhos no corpo humano.
Objectivo do projecto
Relembrando os altos números de casos de malária em Angola, Awa Joaquim Dieme afirmou que o projecto pretende contribuir positivamente para a erradicação desta doença no país, adoptando medidas sustentáveis e futuristas.
“Nos dedicamos neste tema, porque em Angola já fomos quase todos vítimas da malária. Por exemplo, no ano passado o país registou 3,8 milhões de casos de malária e entre os falecidos estiveram maioritariamente mulheres grávidas e crianças dos zero aos cinco anos de idade. Por isso o nosso objectivo é ajudar a erradicar esta doença e simplificar o processo de testagem da população, pois é deprimente saber que alguém pode morrer de malária devido ao diagnóstico tardio da doença”, concluiu.
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