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O município do Longonjo, na província do Huambo, poderá se tornar numa zona de extracção de terras raras do país, com o início das explorações destes minérios estando previsto para 2026, segundo o director executivo da mineradora Pensana, Tim George, cuja empresa, de origem australiana, é a maior accionista do projecto com 84% do capital, sendo que os restantes 16% pertencem ao Fundo Soberano de Angola.
Nesta altura, decorre o trabalho de prospecção, iniciado em 2015, ao qual se seguirá a construção das infra-estruturas de apoio ao projecto, incluindo a mina, que deverão ser concluídas até Junho próximo, referiu o director executivo da empresa actualmente registada no Reino Unido e listada na Bolsa de Londres.
Segundo o vice-governador para o sector Político, Social e Económico do Huambo, Angelino Elavoco, o projecto de exploração de terras raras será mais uma oportunidade concreta para a diversificação da economia e, ao mesmo tempo, para a geração de novos postos de empregos.
Para tal, o responsável garantiu que o governo provincial prestará apoios incondicionais para o êxito do projecto no município de Longonjo, no sentido de melhor atrair outros potenciais investidores nacionais e internacionais, visando o melhoramento das condições de vida da população.
O que são terras raras?
O nome “terras raras” refere-se a um grupo de 17 elementos químicos de difícil extracção, geralmente encontrados na natureza misturados com outros minérios. Estes elementos são conhecidos na tabela periódica como “Elementos Terras Raras”.
O projecto de exploração de terras raras no Longonjo está inserido no programa Ozango Mineral, empresa promotora do investimento, e visa identificar dois minérios específicos do grupo dos 17: neodímio e praseodímio. O programa foi concebido para 20 anos.
O neodímio é conhecido pelas suas várias aplicações e características específicas que o tornam essencial na indústria global de tecnologia, principalmente na produção de lâmpadas de LED, lasers, e super-ímanes presentes em motores de carros eléctricos, em discos duros de computadores e componentes de telemóveis e auriculares.
Por seu lado, o praseodímio pode ser aplicado, entre outras áreas, na produção de lâmpadas de arco voltaico, na projeção cinematográfica ou na produção de motores de aeronaves através da sua combinação com o magnésio, o que lhe confere a dureza necessária para essas estruturas da aviação.
Mercado global de terras raras
Actualmente, a China é a campeã mundial da produção de terras raras e de ímanes feitos a partir destes minérios. O motivo, segundo a BBC, é que o gigante asiático consegue extrair e produzir tudo localmente. Mais de 70% dos produtos com terras raras no mundo são exportados pela China.
“Hoje, a China detém as maiores reservas conhecidas de terras raras, cerca de 36 milhões de toneladas, e controla 95% da produção mundial – um verdadeiro monopólio. A sua principal mina, Bayan-Obo, na Mongólia, produz em torno de 120 mil toneladas de elementos de terras raras por ano. Estados Unidos e Austrália vêm logo atrás, com 6,4% e 3,6% da produção mundial, respectivamente”, observa o Instituto Ciência Hoje.
Entretanto, o Instituto sublinha que o monopólio da China não é sobre os recursos, “é um monopólio dos processos”. Isto porque, actualmente, “somente a China tem o domínio completo das várias etapas da cadeia produtiva de terras raras – da mineração até a obtenção de um produto que possa ser utilizado pela indústria”.
Apesar da sua dominância neste sector cada vez mais crítico, a China não possui os tipos mais pesados de metais raros, como o neodímio, cuja procura para o mercado tecnológico é cada vez maior. Neste aspecto, a China depende principalmente do Mianmar e dos Estados Unidos. No futuro, talvez a China possa também contar com Angola.