Ferreira Manuel 
Em meio a uma chuva de sanções vindas de todas as frentes, a governadora do banco central russo, Elvira Nabiullina, anunciou nesta segunda-feira (28) a alternativa russa à Sociedade de Telecomunicações Financeiras Interbancárias Mundiais (SWIFT, na sigla inglesa). De acordo com as autoridades russas, o sistema alternativo é capaz de transmitir dados no formato SWIFT, mas dependendo dos seus próprios canais.
“Temos um sistema de mensagens financeiras chamado SPFS, que pode substituir o SWIFT no mercado interno. Operadores do exterior podem participar. Desenvolvemos a infra-estrutura financeira interna para que continue a operar sem problemas”, disse Elvira Nabiullina, citada pela agência noticiosa russa TASS.
O Sistema de Transferência de Mensagens Financeiras (em tradução literal – SPFS na sigla em russo romanizado), surge em resposta à decisão dos ministros das Relações Exteriores da União Europeia, que no domingo (27) concordaram em remover vários bancos russos do SWIFT em função dos confrontos entre a Rússia e a Ucrânia.
Elvira Nabiullina, governadora do Banco da Rússia -Créditos: D.R
Alguns questionam, no entanto, a capacidade do SPFS substituir o SWIFT para a Rússia, visto que segundo o banco central do país, o sistema conta actualmente com apenas 331 bancos nacionais e estrangeiros conectados a si, ao passo que o SWIFT conta com mais de 11 mil membros bancários em 200 países. Outros afirmam que com as sanções de 2014, a Rússia já tinha em vista a sua possível remoção do SWIFT, por isso vinha desenvolvendo o SPFS e adoptando uma política de “desdolarização” da sua economia.
Apesar das visíveis implicações económicas, alguns dirigentes russos chegam mesmo a minimizar os efeitos da saída do SWIFT, como é o caso do chefe da Comissão do Conselho da Federação Russa para a Protecção da Soberania do Estado, Andrei Klimov, que afirmou: a retirada da Rússia do SWIFT não representa uma ameaça para as nossas liquidações internas, estimula a disseminação do rublo como moeda internacional e, ao mesmo tempo, reduz a possibilidade do controlo destrutivo pelo Ocidente das nossas operações de liquidação.
Andrei Klimov, chefe da Comissão do Conselho da Federação Russa para a Protecção da Soberania do Estado – Créditos: D.R
A Rússia iniciou os testes do SPFS em 2014 e em 2017, segundo a TASS, o sistema passou a funcionar integralmente, transmitindo mensagens sobre transacções em qualquer moeda. Inicialmente, o SPFS destinava-se apenas a utilizadores domésticos, mas em Abril de 2021, mais bancos estrangeiros se conectaram a ele.
A TASS avança ainda que filiais de grandes bancos russos na Alemanha e na Suíça têm acesso ao sistema, e nesta altura estão em andamento negociações sobre acordos envolvendo o SPFS com a China. Ao que parece, a estratégia passará por conectar o SPFS ao Sistema de Pagamento Interbancário Transfronteiriço (CIPS, na sigla inglesa), a versão chinesa do SWIFT.
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