Uma nova investigação realizada pela European Investigative Collaborations (EIC) revela que, entre Março e Agosto de 2023, foram criados 50 endereços electrónicos (URL, na sigla inglesa) para atrair cidadãos angolanos e levá-los a clicar em links infectados com o “Predador”, um spyware israelita capaz de aceder a todo o conteúdo de um telemóvel, além de poder utilizar a câmara e o microfone para vigiar os seus utilizadores.
Segundo explica o semanário Expresso, os URLs alterados imitam a estrutura de endereços reais de sites de informação ou redes sociais e foram identificados pelo Laboratório de Segurança da Amnistia Internacional e partilhados com a EIC.
O “Predador” é um produto pertencente a uma aliança de empresas europeias, a Intellexa, e segundo a Amnistia Internacional, pode aceder a quantidades não verificadas de dados nos dispositivos das vítimas. A organização explica também que, actualmente, o spyware não pode ser auditado de forma independente ou limitado na sua funcionalidade apenas às funções necessárias e proporcionais a uma utilização e objectivo específicos.
“O Predator pode infiltrar-se num dispositivo quando o usuário simplesmente clica em um link malicioso, mas também pode ser entregue por meio de ataques tácticos, que podem infectar silenciosamente dispositivos próximos,” refere a organização.
Entre os sites angolanos que tiveram os seus endereços clonados e alterados estão o Jornal de Angola, Angop, Club-K e o Imparcial Press. De acordo com director do laboratório da Amnistia Internacional, Donncha Ó Cearbhaill, “estes nomes de domínio ligados ao Predador imitam claramente sites legítimos de Angola”.
A Amnistia Internacional afirma que produtos da Intellexa e desta mesma natureza foram encontrados em 25 países na Europa, Ásia, Médio Oriente e África e têm sido utilizados para minar os direitos humanos, a liberdade de imprensa e os movimentos sociais em todo o mundo.