Ferreira Manuel 
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“Decisões Inteligentes: O Impacto Real da Gestão por Dados nos Negócios” foi o tema de debate no primeiro painel da segunda edição do Fórum Angolano sobre Gestão Estratégica e Tecnologia (Gestratech), realizado na última semana, em Luanda.
Na sessão, vozes do sector bancário, de data centers, da cibersegurança e da investigação científica destacaram a urgência de criar estruturas sólidas, tanto técnicas quanto comportamentais sobre os dados, que sustentem a transformação digital em Angola.
Durante a sua intervenção, o responsável pela área de ciência de dados do Standard Bank Angola, Euclides Mfumu, afirmou que o primeiro passo para esse desafio é desenvolver uma verdadeira “cultura de dados” dentro das organizações. O especialista explicou que a informação só ganha valor quando gestores e executivos conseguem interpretá-la de forma correcta, usando dashboards e relatórios para orientar decisões estratégicas.
O futuro das empresas, segundo Euclides Mfumu, dependerá da capacidade de transformar dados em receitas concretas, através de políticas claras e processos bem estruturados.
Essa visão foi reforçada pelo responsável pela área de vendas da Raxio Datacenters Angola, Fábio José, que sublinhou a importância da liderança na definição de estratégias de informação. Para o gestor, os executivos devem ser os primeiros a traçar prioridades e alinhar as equipas, assegurando que a recolha e organização de dados não seja apenas uma tarefa técnica, mas parte da visão global da empresa.
Para Fábio José, no que respeita os dados, a liderança é determinante para implementar políticas eficazes de recolha e organização da informação. No mesmo sentido, a infra-estrutura tecnológica, disse, é o pilar que garante a integridade dos dados e permite às empresas tirar valor da informação que produzem.
Adicionando aos dados a questão da segurança, o CEO da CyberSecure, Hélio Pereira, apontou a cibersegurança como o elo mais sensível da transformação digital. Na sua visão, o maior obstáculo associado a este tema, em Angola, não é a falta de soluções técnicas, mas sim a dificuldade de cooperação formal e informal entre as instituições na troca de dados.
“Para vermos como é difícil a cooperação de troca de dados, aqui uma fraude começa a acontecer num banco, até este conseguir se defende na totalidade, e depois passa para outro banco e mais para outro. A mesma fraude passa para todos os bancos. Ou seja, a partilha de informação, no contexto formal, não funciona por causa do excesso de burocracia”, disse.
Para Hélio Pereira, melhorar este quadro exige a criação de uma rede de partilha de dados sobre ameaças que envolva bancos, seguradoras, empresas de telecomunicações e reguladores. Pois, como refere, “a cibersegurança não pode ser tratada de forma isolada. É uma questão nacional e requer uma abordagem colectiva para enfrentar os riscos crescentes.
Referindo-se ao potencial dos dados para as organizações, o investigador e cientista de dados, Arlindo Almada, observou que estes por si só não têm valor, sendo a capacidade de convertê-los em decisões que aumenta a eficiência e a produtividade das instituições.
“Todos dizem que os dados são o novo petróleo, mas a ser assim todos seriam ricos. Na realidade, a sabedoria da empresa, conhecer o mercado e saber onde realmente vai conseguir vender é o que dará o diferencial. Aí, sim, é que digo que o dado é o verdadeiro petróleo”, disse.
O académico trouxe também ao debate a inteligência artificial, defendendo-a como ferramenta essencial para transformar informação em conhecimento prático. Mas, advertiu que tal tecnologia deve ser inserida somente quando e onde faz sentido, sendo igualmente importante considerar o que aplicar e como aplicar, pois, sublinha, é isso que faz a diferença.
