Se estás a ler este artigo, seja no smartphone, no portátil ou no tablet, estás a testemunhar o produto final de uma das maiores revoluções da Humanidade. Mas o que é, verdadeiramente, essa teia invisível a que chamamos de Internet? Como nasceu, evoluiu e, de forma mais intrigante, como consegue entregar um vídeo, uma mensagem ou os resultados de uma pesquisa em milésimos de segundos até ao teu dispositivo? Vamos desvendar esta jornada fascinante.
A história embrionária: nascida na guerra, criada para a Paz
A história da Internet não começa nas redes sociais ou nos serviços de streaming, mas no auge da Guerra Fria. Na década de 1960, o Departamento de Defesa dos Estados Unidos, através da sua Agência de Projetos de Investigação Avançada (conhecida como ARPA), precisava de um sistema de comunicação robusto que pudesse sobreviver a um eventual ataque nuclear. A ideia central era a descentralização.
Desta necessidade urgente, surgiu a ARPANET em 1969, a “avó” de todas as redes de computadores. O seu grande trunfo foi uma tecnologia revolucionária chamada comutação de pacotes.
Imagine que queiras enviar um email longo. Em vez de enviar a mensagem completa por um único caminho (como uma chamada telefónica tradicional), a comutação de pacotes divide-a em pequenos blocos de informação. Cada pacote viaja de forma independente pela rede, podendo seguir rotas diferentes, e é finalmente remontado no destino. Se uma rota for destruída, os pacotes simplesmente encontram um caminho alternativo. Esta foi a chave para criar uma rede resiliente e quase indestrutível.
Outro marco fundamental foi o desenvolvimento do TCP/IP (Protocolo de Controlo de Transmissão/Protocolo de Internet) na década de 1970. Pensa no TCP/IP como a “língua universal” da Internet. Ele estabeleceu as regras básicas que todas as máquinas, independentemente do seu fabricante ou sistema operativo, deveriam seguir para se poderem comunicar umas com as outras. Foi este protocolo que permitiu que redes diferentes se interligassem, formando verdadeiramente uma “rede de redes” – a Internet.
O Desenvolvimento: a teia que encantou o mundo
Contudo, a ARPANET era inicialmente restrita a universidades e instituições militares. A Internet ainda não era um espaço para o cidadão comum. A virada decisiva ocorreu no início da década de 1990 com a invenção da World Wide Web (WWW ou “A Web”) por Tim Berners-Lee, um cientista britânico.
É crucial entender uma distinção importante: Internet e a Web não são a mesma coisa. A Internet é a infra-estrutura física: os cabos, os routers, os servidores e os protocolos como o TCP/IP. É a “autoestrada” da informação.
A Web é um serviço (uma aplicação) que funciona sobre essa infra-estrutura. É a forma como acedemos e partilhamos informações através de páginas interligadas por hiperligações (os links que clicamos), utilizando programas chamados navegadores (browsers).
A Web tornou a Internet visualmente atraente e intuitiva de usar. Com o aparecimento de navegadores gráficos, como o famoso Netscape Navigator, a Internet explodiu em popularidade junto do público em geral. A década de 90 ficou conhecida como a era do “boom do ponto-com” (.com), com empresas e indivíduos a correr para estabelecer uma presença online, lançando as bases para o mundo digital interligado que conhecemos hoje.
Na próxima parte, exploraremos como a informação viaja pela rede e chega até ao teu dispositivo com tanta velocidade e precisão. Fica atento!



