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Nove cidadãos chineses e um ugandês foram detidos na última sexta-feira (18), em Luanda, por envolvimento em actividades de jogos online Ilícitos, criação de falsos perfis nas redes sociais e deepfakes. O esquema, segundo o Serviço de Investigação Criminal (SIC), visava extorquir, burlar e obter dados de cidadãos brasileiros e portugueses via phishing.
O Hotel Diamond Black, no bairro Kifica, distrito urbano do Benfica, no Talatona, era o centro da operação criminosa. De acordo com o SIC, o estabelecimento, que aparenta estar encerrado, foi arrendado e usado para actividades ilícitas dissimuladas de Oficina Auto, e contava com quatro salas equipadas com material informático.
Das quatro salas, uma era dedicada à criação de falsos perfis nas redes sociais, conseguir amizades com cidadãos portugueses bem posicionados e obter destes o número do WhatsApp, para acções como phishing, extorsão e burlas através de chamadas de voz e de vídeo no referido aplicativo. Trabalhavam 24 funcionários nesta sala.
Numa outra sala, o grupo desenvolvia as actividades de jogos ilícitos direccionados a cidadãos brasileiros. O SIC conta que, para essa operação, eram disponibilizados diariamente 700 números aos operadores desta sala, para convencerem os cidadãos brasileiros a aderirem a uma plataforma de jogos online designada LNBet, sob a promessa de receberem bónus de 1 a 18 reais pela adesão.
Na outra parte da mesma sala trabalhavam funcionários cuja missão era convencer os cidadãos brasileiros a clicarem “gosto” numa música brasileira, através da plataforma de streaming Spotify, sob a promessa de bónus de 10 reais. Aqui, segundo explica o SIC, o operador alterava a sua voz para o sotaque brasileiro, para parecer verdadeiramente um brasileiro.
“Nas outras duas salas, uma delas era utilizada apenas por cidadãos chineses e líderes do esquema fraudulento, que recebiam todos os números aceites dos cidadãos brasileiros e portugueses e partiam para outra fase da acção criminosa de burla, chantagem e extorsão, entre outros crimes financeiros”, refere o SIC.
A quarta sala tinha apenas um computador, mas com inteligência artificial. Atravês dele, eram alterados os rostos das funcionárias da empresa, para torná-las mais atraentes na interacção em chamadas de vídeo, sobretudo com cidadãos portugueses que aceitavam amizades de falsos perfis no Facebook.
O SIC realça que, ao buscarem reforçar a amizade através de chamadas em vídeo no WhatsApp, estes cidadãos eram enganados com rostos criados por inteligência artificial e, desta forma, podiam sofrer vários golpes possíveis com recurso a engenharia social, incluindo burlas e acesso ilegítimo às suas contas bancárias.
Durante a operação, foi apreendido todo o material informático encontrado no local e, segundo o SIC, estão em curso acções para deter outros elementos envolvidos neste esquema.
Os 10 cidadãos estrangeiros responderão pelos crimes de prática ilícita de jogos, jogo fraudulento, coação à prática de jogos, falsidade informática, associação criminosa, branqueamento de capitais e burla. Os acusados serão presentes ao Ministério Público para os devidos procedimentos legais e, na sequência, ao Juiz de Garantias, para a aplicação das medidas de coacção pessoal.