770
A ausência de uma política educativa específica para a inteligência artificial (IA) e as limitações na inclusão digital nas escolas estão entre os entraves que condicionam a integração da IA no sistema educativo nacional, defenderam nesta quinta-feira (10) profissionais ligados ao sector de ensino no fórum sobre “A Inteligência Artificial e o Futuro da Educação em Angola”.
Segundo o presidente da Associação Nacional do Ensino Privado de Angola (ANEP), António Pacavira, a IA deve ser integrada como uma das prioridades do sistema educativo nacional e estar alinhado com os avanços verificados na SADC e no resto do mundo, sob pena do país continuar em desvantagem tecnológica.
“A IA é uma prioridade educacional a nível mundial e Angola não se pode colocar à parte, mas infelizmente estamos muitos anos atrasados em relação à região austral de África e em relação ao continente e ao mundo também de forma geral”, disse em declarações ao Portal de T.I.
De acordo com o presidente da ANEP, Angola não apresenta passos práticos para a integração da IA no ensino escolar, não havendo também no país uma estrutura nem política educativa para o efeito.
“A nível das escolas, ainda não demos passos significativos, não temos uma estrutura, não temos uma política educativa para o efeito”, lamentou.
O responsável sublinhou, no entanto, que apesar da ausência de directrizes oficiais, existe um esforço contínuo para influenciar as autoridades competentes no sentido de transformar a IA em uma componente estratégica da política educativa nacional.
Durante o evento, promovido pela Vozes e Códigos, em parceria com a Ribalta Trend, foi também salientado que a IA já está presente no quotidiano dos estudantes, sobretudo os mais curiosos, que chegam às aulas com conhecimentos obtidos através dessas tecnologias.
Essa realidade, segundo os profissionais da educação, está a provocar uma inversão na dinâmica tradicional das salas de aula, onde o professor passa a ser mais um facilitador do que o centro de conhecimento.
No entanto, Angola ainda enfrenta grandes desigualdades no acesso à tecnologia, principalmente nas zonas rurais onde o acesso a recursos digitais continua limitado. A experiência de países como a China foi mencionada como exemplo de superação desses desafios, através da criação de polos de desenvolvimento que ajudaram a reduzir as desigualdades tecnológicas.


