102
A China está a dominar largamente a actividade global de patentes sobre invenções de inteligência artificial generativa (IAG) em todo o mundo, tendo registado mais de 38 mil famílias de patentes entre 2014 e 2023, segundo a Organização Mundial da Propriedade Intelectual (OMPI).
Os EUA, detendo seis vezes menos registos, surgem em segundo lugar com 6.276 famílias de patentes registadas entre 2014 e 2023, sendo também o segundo local de pesquisa mais importante para a GenAI após a China.
Em terceiro lugar está a Coreia do Sul (4.155), em quarto o Japão (3.409) e em quinto lugar a Índia com 1.350 registos. Reino Unido e Alemanha são os principais centros de pesquisa na Europa com 714 e 708 patentes, respectivamente, e ocupam a sexta e sétima posição no ranking global.
“Esses sete locais de inventores são responsáveis pela maior parte das atividades de patentes relacionadas ao GenAI, contribuindo com cerca de 98% do conjunto de dados, com algumas contribuições de outros países, como Canadá, Israel e França”, sublinha o documento.
Principais detentores de patentes
De acordo com o relatório da OMPI, de 2017 a 2023 a China “publicou mais famílias de patentes neste campo a cada ano do que todos os outros países juntos”. As instituições chinesas, americanas e sul-coreanas lideram o top 10 das instituições com mais invenções relacionadas a IAG.
A Tencent possui 2.074 invenções relacionadas a IAG, a Ping An Insurance (1.564 invenções), Baidu (1.234 invenções), Academia Chinesa de Ciências (607), IBM (601), Alibaba Group (571), Samsung Electronics (468), Alphabet (443), ByteDance (418), Microsoft (377).
O relatório da OMPI realça que a China não só tem a maior fatia de todas as famílias de patentes publicadas globalmente, como também está a crescer a uma taxa de 50% ao ano. No entanto, a Índia tem uma taxa de crescimento ainda maior, crescendo 56% ao ano, embora a sua fatia mundial ainda seja pequena.
Ranking global sobre publicações em IAG
Em relação às principais instituições em termos de contagem de publicações científicas sobre IAG, a China e os EUA dominam com várias organizações de pesquisa no top 20. A China tem oito instituições nesse ranking e os EUA têm seis.
A Academia Chinesa de Ciências domina largamente em números de publicações. A instituição conta com mais de 1.100 publicações científicas desde 2010. A Universidade Tsinghua (também da China) e a Universidade Stanford dos EUA seguem nas posições 2 e 3 com mais de 600 publicações científicas cada.
Um facto curioso é a aparição da Alphabet (proprietária da Google) como quarta posicionada nessa lista, sendo a única empresa classificada entre as 20 principais instituições com 556 publicações científicas ligadas à inteligência artificial generativa.
Número de patentes deverá aumentar muito mais em 2024 e 2025
O número de publicações científicas cresceu de cerca de 100 em 2014 para mais de 34 mil em 2023. Em 2023, particularmente, houve um forte aumento nas publicações científicas. A OMPI considera que seja provável que o lançamento de modelos e ferramentas GenAI muito bem-sucedidos e populares em 2022, como o ChatGPT, Stable Diffusion, LlaMA, etc., tenha iniciado uma nova onda de pesquisa GenAI.
As publicações de famílias de patentes também aumentaram em 2023, mas não tanto quanto as publicações científicas. “Pode-se esperar, no entanto, que haja uma aceleração semelhante para publicações de famílias de patentes em 2024 e 2025, pois geralmente há um atraso de 18 meses entre o depósito e a publicação de novas patentes”, prevê o relatório.
Segundo o gerente de análise de patentes da OMPI, Christopher Harrison, os dados de patentes sugerem que esta é uma área “que terá um impacto profundo em muitos sectores industriais diferentes no futuro”, com o destaque sendo o sector científico onde as moléculas criadas pela GenAI têm o potencial de acelerar o desenvolvimento de medicamentos.