Ferreira Manuel 
A conclusão é do “Estudo sobre o Ecossistema de Empreendedorismo e Startups de Angola”, realizado por iniciativa do Instituto Nacional de Apoio às Micro, Pequenas e Médias Empresas (INAPEM) em parceria com a Unitel, que teve como objectivo retratar as principais iniciativas em torno do empreendedorismo em Angola e apontar as diversas perspectivas relativamente ao impacto e alcance das mesmas.
De acordo com o estudo, o ecossistema de startup em Angola encontra-se no estágio de activação, com capacidades e recursos ainda limitados. Das startups inquiridas, 32% encontra-se em Pre-Seed, ou seja, em uma fase muito inicial do seu desenvolvimento e com foco em actividades de pesquisa, avaliação ou desenvolvimento de uma ideia inicial antes do lançamento do produto mínimo viável.
Enquanto isso, 34% das startups encontram-se em Seed Stage, isto quer dizer que já possuem um produto ou serviço, mas ainda não atingiram o ponto de equilíbrio. As startups em fase de Grouth Stage representam 34% das inquiridas, o que significa que superaram os estágios anteriores e já possuem capacidade para escalar e internacionalizar as operações.
Sector mais representado e modelo de negócio predominante
Créditos: Estudo sobre o Ecossistema de Empreendedorismo e Startups de Angola
O estudo indica que as Fintechs são o sector com maior representação no ecossistema das startups nacionais com 25%, seguido do E-commerce/marketplace (18%), do EdTech com (11%), InsurTech (9%), Outro (9%), Software e Dados (7%), Media Digital (5%), Mobilidade (5%), Consultoria (5%), bem como Agritech, HealthTech e Robotica que surgem com 2% de representação cada.
Relactivamente ao modelo de negócio predominante entre as startups, o business to business (B2B) e o business to consumer (B2C) lideram a tendência, representando 50% do ecossistema, enquanto 23% das startups estão voltadas ao modelo baseado na subscrição/assinatura e 18% na modalidade online service (aplicativos ou similares).
Fundação das startups, perfil dos fundadores e área de formação
Créditos: Estudo sobre o Ecossistema de Empreendedorismo e Startups de Angola
A pesquisa conclui que a maioria das startups que existem actualmente no mercado tem até 3 anos de existência, com a maior parte delas surgindo em 2020, ano em que, segundo o estudo, foram criadas 30% do total actual das startups. Após 2020, o ano em que o país mais viu surgir iniciativas destas foi 2022, período durante o qual 27% do total actual das startups surgiram no mercado, com o ano 2021 contribuindo com 23% do total.
Quanto aos fundadores, maior parte deles está com menos de 31 anos de idade e possui formação de nível superior, com a licenciatura sendo a mais frequente. De acordo com o estudo, 59% dos fundadores são licenciados, 18% possuem formação técnica e profissional, 14% são doutorados, 7% tem o nível secundário concluído e 2% dos fundadores ostentam o grau de mestre.
Relactivamente às áreas de estudo, a engenharia é a preferida dos fundadores, com o estudo apontando que 43% dos mesmos tiveram formação nessa área, 16% em Ciências da Computação, outros 16% em Economia, 11% em Gestão, 5% em Marketing, 2% em Estatística ou Matemática e 7% em outras áreas não especificadas.
Rentabilidade, desafios e ameaças à sobrevivência das startups
Créditos: Estudo sobre o Ecossistema de Empreendedorismo e Startups de Angola
De acordo com os inquiridos, o ano 2022 foi o mais rentável para o ecossistema, com 14% das startups estimando uma facturação superior a 100.000.000 de kwanzas nesse ano, um volume de negócios considerável quando em 2021 mais de 70% das mesmas registou uma facturação inferior a 10.000.000 de kwanzas. No entanto, também em 2022 o grosso das startups (32% delas) continuou a registar volumes de negócios inferiores a 10.000.000 kwanzas.
Quanto à percepção das startups sobre os desafios à sua sobrevivência, a pesquisa refere que, para 51% das startups inquiridas, o apoio especializado é o principal desafio, enquanto para 42% das mesmas a preocupação é o fundo de maneio e para outras 36% o principal desafio é desenvolvimento de produtos.
No mesmo sentido, 31% das startups tem a conquista de clientes como principal preocupação, outros 31% voltam-se ao recrutamento e a retenção, e outros 31% vêem um desafio maior na questão da regulação. O desenvolvimento de competências é um desafio para 24% das startups, os impostos ou tributação também o são para 22%, assim como a internacionalização e outros constituem desafios para 13% e 4% das startups, respectivamente.
No que diz respeito às ameaças ao desenvolvimento ou sobrevivência das startups, o estudo identifica questões como falta de financiamento (62%), regulação (47%), tributação (40%), concorrência (38%), falta de talentos/equipa (31%), outras ameaças (22%).
O “Estudo sobre o Ecossistema de Empreendedorismo e Startups de Angola” resultou de um questionário online aplicado aos fundadores de 115 startups, com uma taxa de resposta de 38%, utilizando as seguintes abordagens metodológicas:
- Método de recolha: questionário online;
- Fonte Contacto: o universo foi constituído por 163 startps que pertencem à comunidade das incubadoras e aceleradoras;
- Amostra: a amostra foi constituída por 115 startups, com 95% de nível de confiança e margem de erro de 5%;
- Período de recolha: o teste piloto decorreu de 10 de Setembro a 10 de Outubro de 2022, enquanto a recolha foi feita de 7 de Novembro à 7 de Dezembro do mesmo ano.
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