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Os CEOs angolanos estão a fortalecer a resiliência dos seus negócios através do investimento em pessoas, inteligência artificial (IA) e fusões e aquisições, áreas que consideram determinantes para a competitividade futura, revela o estudo “CEO Outlook” da KPMG.
O investimento e o fortalecimento da resiliência nessas áreas são considerados pelos CEOs as melhores estratégias para enfrentar riscos estruturais e mudanças, como a volatilidade geopolítica, que levou a confiança dos líderes angolanos na economia global ao nível mais baixo de sempre (73%).
Para mitigar os desafios que influenciam as decisões de investimento, as empresas angolanas estão a apostar em áreas como cibersegurança e resiliência a riscos digitais (53%), compliance regulamentar e reporte (20%) e integração da IA nas operações e nos fluxos de trabalho (47%).
Inteligência Artificial
Segundo o estudo, a IA é uma prioridade estratégica para 74% dos CEOs angolanos, que procuram equilibrar inovação e gestão de riscos. Entre estes, mais de 90% esperam obter retorno do investimento em IA num prazo de até cinco anos, refletindo uma maior confiança em comparação com o ano anterior, quando a maioria não previa alcançar este resultado nesse período.

Créditos: 2025 CEO Outlook – KPMG
O responsável global pela IA e Inovação Digital da KPMG Internacional, Steve Chase, explica que a motivação dos líderes não se deve apenas ao potencial da IA mas também aos resultados concretos que já conseguem observar.
“As principais organizações estão a integrar a IA no centro das suas estratégias de negócios e a investir nos aspectos críticos para o sucesso: dados de qualidade, preparação da força de trabalho e governação responsável da IA, construída com base na confiança e na agilidade”, acrescenta.
Em Angola, segundo o estudo, 25% das organizações já destina até um quinto do seu orçamento para essa área, face a 69% das empresas a nível mundial.

Créditos: 2025 CEO Outlook – KPMG
De modo geral, a confiança na IA é elevada: 74% dos líderes angolanos acredita que as suas organizações conseguem acompanhar o rápido desenvolvimento da tecnologia e os seus impactos na adopção, nas operações e nos fluxos de trabalho. Há igualmente um elevado nível de confiança entre 67% dos CEOs de que os conselhos de administração estão preparados para orientar a integração de tecnologias avançadas e impulsionar o crescimento dos negócios.
Todavia, apesar da disponibilidade em investir e de 76% dos líderes declarar que as suas organizações estão prontas para integrar a IA através de uma governação robusta, o estudo destaca questões ainda por resolver.
Entre as principais preocupações apontadas estão os desafios éticos (87%), a preparação dos dados (87%) e a falta de regulamentação (67%), factores considerados cruciais para garantir uma adopção segura e sustentável da IA no país. A análise enfatiza que a regulamentação é uma questão crítica na mente dos CEOs, com 60% destes a afirmar que o ritmo da regulamentação (a sua capacidade de acompanhar a própria tecnologia) será uma barreira para o sucesso.
Aqui, vale referir que está em consulta pública a Proposta de Lei sobre a Inteligência Artificial, um diploma que estabelece o quadro jurídico para o desenvolvimento, fornecimento e utilização desta tecnologia em Angola.
Segundo o MINTTICS, o seu proponente, o documento visa garantir que a adopção da IA em Angola respeite os direitos fundamentais e promova um progresso tecnológico ético, inclusivo e sustentável.
Quadros qualificados
O estudo indica que os CEOs consideram a força de trabalho essencial para aproveitar os ganhos de produtividade proporcionados pela IA. Por isso, estão a implementar tecnologias orientadas para as pessoas, requalificando colaboradores, contratando talentos e redesenhando funções para integrar a inteligência artificial.
Neste capítulo, 73% dos CEOs angolanos afirma que a preparação e a qualificação da força de trabalho em IA irão impulsionar o progresso das suas empresas nos próximos três anos. No entanto, 66% reconhece que a escassez de profissionais qualificados nesta área pode limitar o sucesso das suas organizações.
Em resposta, 67% dos CEOs afirma que os conselhos de administração estão a concentrar esforços na retenção e requalificação de talentos de alto potencial, enquanto 58% diz estar a contratar activamente profissionais com competências em IA e tecnologia em geral. Para 80% dos líderes, o principal foco é transferir colaboradores de funções tradicionais para funções potenciadas pela IA.

Créditos: 2025 CEO Outlook – KPMG
A resistência de alguns colaboradores em adoptar novas tecnologias e adaptar-se às mudanças foi apontada como desafio por 20% dos líderes inquiridos. Para 93% dos CEOs, a experimentação dos colaboradores em todos os níveis é essencial para ampliar a adopção da IA, sendo igualmente importantes a transparência e a abertura no uso da tecnologia.
Essa perspetiva acompanha a expectativa de 74% dos líderes de que a IA autónoma, juntamente com a IA generativa, terá um impacto significativo nas suas organizações.
Mas, a IA não a única preocupação dos líderes empresariais angolanos em relação à força de trabalho. Para 60% destes, as mudanças no mercado laboral e alterações demográficas, especialmente o envelhecimento da força de trabalho, deverão ter um impacto moderado a elevado no recrutamento, retenção e cultura organizacional.
Mais especificamente, 53% dos líderes angolanos manifesta preocupação com o número de trabalhadores que se reformam, devido à falta de profissionais qualificados para os substituir. A gestão de uma força de trabalho multigeracional e a escassez de talentos surgem, assim, como novos desafios estratégicos para as empresas.
Critérios ambientais, sociais e de governança (ESG)
O estudo revela que a maioria dos líderes empresariais mantém o compromisso com as metas de sustentabilidade e demonstra crescente confiança no seu cumprimento. Concretamente, 54% dos CEOs afirma estar no caminho certo para atingir as metas de zero emissões líquidas até 2030.

Créditos: 2025 CEO Outlook – KPMG
Entre os principais obstáculos para atingir as metas de zero emissões líquidas, 33% dos CEOs destaca a complexidade da descarbonização das cadeias de abastecimento, enquanto 7% apontam a falta de competências especializadas para implementar soluções com sucesso. Neste contexto, 40% considera os custos um desafio relevante.
Os líderes empresariais reconhecem ainda o potencial da inteligência artificial para apoiar os esforços de descarbonização e sustentabilidade. Entre os principais usos identificados estão a melhoria da qualidade dos dados e do reporte sobre sustentabilidade (80%), a identificação de oportunidades para maior eficiência de recursos (87%) e a redução de emissões e melhoria da eficiência energética (66%).
A divulgação de informações ESG é considerada uma prioridade por 73% dos líderes, que afirmam estar a reforçar a conformidade e a adotar normas para atender às crescentes exigências de investidores e reguladores.
Neste domínio, 47% dos CEOs angolanos afirma ter incorporado totalmente a sustentabilidade nos seus negócios, considerando-a essencial para o sucesso a longo prazo. Paralelamente, 60% declara ter integrado completamente as questões de sustentabilidade nas decisões de investimento.
Sobre o estudo
O “CEO Outlook” da KPMG abrangeu líderes de 12 sectores-chave da indústria, nomeadamente gestão de activos, automóvel, banca, consumo e retalho, energia, infra-estruturas, saúde, seguros, ciências da vida, indústria transformadora, tecnologia e telecomunicações. Para aceder ao relatório, clique aqui.


