O cientista da computação Geoffrey Hinton, um dos principais responsáveis pela criação e desenvolvimento da inteligência artificial (IA) generativa, demitiu-se da Google, empresa na qual trabalhou por mais de dez anos, para alertar as pessoas sobre o impacto negativo desta nova tecnologia na sociedade.
Em declarações à BBC News, o especialista em IA afirmou que os chatbots actuais poderão ultrapassar a inteligência humana e superar a capacidade de aquisição e armazenamento de conhecimentos, o que pode representar um perigo exponencial à humanidade.
“Neste momento, os modelos de IA não são mais inteligentes do que nós, pelo que sei. Mas acho que em breve poderão ser. É como se tivéssemos 10.000 pessoas e sempre que uma aprendesse algo, todas automaticamente também aprendem. Cheguei a conclusão de que o tipo de inteligência que estamos a desenvolver é muito diferente da inteligência que temos”, disse.
À semelhança de outros críticos, Geoffrey Hinton considera que IA pode ser utilizada para substituir totalmente alguns empregos em áreas como educação e saúde, e ainda servir como ferramenta para a desinformação. “Será difícil evitar que os maus actores usem-na para coisas más, observou, reforçando que o desenvolvimento desta tecnologia será ainda mais rápido nos próximos anos.
O também conhecido como “padrinho da IA” admitiu estar arrependido por desenvolver esta tecnologia e lamentou ter dedicado a sua carreira a este segmento tecnológico.”Consolo-me com a desculpa de que se não fosse eu, outra pessoa o teria feito”, confessou.
O especialista de 75 anos foi, até Abril de 2023, um dos responsáveis pela criação dos assistentes virtuais da Google. Ao longo da sua carreira dedicou-se ao estudo e à aplicação prática de redes neurais e sistemas matemáticos, para fins como aprendizagem de máquina, aperfeiçoamento da memória e processamento de símbolos, fotografias e textos.