Joaquim Cassicato 
A edição de 2025 do Índice Global de Inovação, publicado pela Organização Mundial da Propriedade Intelectual, revela um panorama global em evolução, onde a geografia da inovação se está a diversificar rapidamente.
Apesar dos líderes históricos se manterem no topo, a entrada da China no top 10 e os progressos de várias economias de rendimento médio sinalizam uma mudança tectónica. A inovação continua a ser o motor crítico de competitividade, mas a forma como é praticada e onde floresce está a mudar.
Pela 15ª vez consecutiva, a Suíça coroa o ranking, afirmando-se como um modelo de excelência equilibrada. Logo a seguir, Suécia e Estados Unidos consolidam o pódio, mantendo as segunda e terceiras posições, respectivamente. A grande surpresa é a subida da Coreia Sul para o 4º lugar, um feito histórico, destacando-se pelo seu investimento massivo em Pesquisa & Desenvolvimento corporativo. Singapura completa o top 5, mantendo-se como a economia com o maior número de indicadores onde lidera globalmente.
A Europa continua a ser uma potência inovadora, com a Finlândia (7º), Países Baixos (8º) e Dinamarca (9º) a apresentarem performances sólidas e equilibradas. O Reino Unido mantém-se também entre os dez primeiros, sustentado pelo seu sector financeiro e universidades de classe mundial. A grande história deste ano, contudo, é a da China, que entra no top 10 (10º) pela primeira vez, uma conquista que reflete décadas de investimento sustentado em tecnologia e educação, liderando agora em produção de conhecimento e patentes.
A nível regional, a América do Norte e a Europa mantêm a dianteira como as regiões mais inovadoras. Pela primeira vez, a região da Ásia Central e Meridional superou a América Latina e Caraíbas, um avanço puxado pelo forte desempenho da Índia. O Norte de África e Ásia Ocidental mostram a melhoria mais consistente, com 14 economias a subir no ranking.
África no Índice Global de Inovação 2025
O relatório destaca que a capacidade de inovação está a expandir-se em África, embora a região continue a ocupar a última posição a nível global. A África Subsaariana supera agora outras regiões em alguns indicadores de sofisticação empresarial e institucional. A Nigéria e a Namíbia são citadas como casos de sucesso com “ganhos notáveis”, capitalizando o seu dinamismo empresarial juvenil e um sector de fintech vibrante. Tradicionalmente, o Quénia afirma-se como um hub de inovação tecnológica, enquanto a África do Sul se mantém como uma das mais inovadoras da região.
No Norte de África, o Marrocos é destacado como uma das economias que mais subiu no ranking global. O seu progresso é atribuído a uma estratégia focada em se tornar um hub de manufacturing e serviços para a Europa, com investimentos sólidos em infra-estruturas e energias renováveis. Egipto e Tunísia também mostram potencial, aproveitando os seus grandes mercados internos, a proximidade com a Europa e uma força de trabalho em crescimento para desenvolver os seus ecossistemas de startups.
Neste contexto regional, Angola ocupa a 138ª posição num total de 139 economias, estando no fundo da tabela global. Na África Subsaariana, classifica-se em 31º num total de 32 economias.
O relatório sublinha que o país tem um desempenho menos favorável em resultados de inovação (137º) do que em insumos (133º), o que revela um ecossistema extremamente ineficiente, incapaz de transformar investimentos em produtos de conhecimento, tecnologia ou criatividade tangíveis.
