O CEO da Angola Cables, António Nunes concedeu uma entrevista à EXAME, onde revelou que a empresa que dirige está a estudar a possibilidade levar conexão até a Ásia.
De acordo com António Nunes, o continente africano e mais especificamente os países da região sul, como Angola e África do Sul, poderá se tornar em alguns anos uma espécie de ponte digital para o tráfego da internet entre os países da América do Sul e da Ásia, facilitando a conexão entre a China e o Brasil, por exemplo.
Nunes afirmou ainda na referida entrevista que, depois de conectar Angola à América do Sul, aos Estados Unidos e à Europa com uma rede de cabos submarinos, a empresa está em negociações para estender uma nova conexão de fibra óptica até a Ásia. Dessa forma, o tráfego que hoje segue uma rota pelos Estados Unidos ou pela Europa poderia ter um novo trajecto alternativo passando pela África.
“As ligações entre a América do Sul e a Ásia, usando a África como uma plataforma, e não a Europa ou os Estados Unidos, é algo que está nos planos e que pode vir a agregar muito valor com essa infraestrutura”, disse Nunes.
Falando sobre a importância das conexões de fibra óptica para a economia de Angola e de África, António Nunes referiu que, elas permitem que os países da região possam digitalizar os sectores da economia, como a agricultura, e tenham acesso a serviços online, como atendimentos médicos. Ainda sobre o futuro do continente africano, Nunes vê o continente como um novo polo de mão de obra para empresas de tecnologia, uma vez que tem uma população numerosa, com cerca de 1,3 bilhão de habitantes, e com uma grande quantidade de jovens, tendo referido que os próximos programadores do mundo poderão ser africanos.
Durante a entrevista, o CEO da Angola Cables, revelou que durante a pandemia do novo coronavírus, a rede da empresa passou por um teste inédito. O tráfego de dados na rede aumentou seis vezes no período entre dezembro de 2019 e junho de 2020, causado principalmente pelo crescimento na demanda por serviços de vídeo e de games.
A Angola Cables foi formada em 2009 em um consórcio de cinco operadoras de telefonia angolanas, que se mobilizaram para ampliar a infraestrutura de telecomunicações do país numa época que a economia crescia a taxas acima de 10% ao ano, impulsionada pelos altos preços do petróleo.
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