Conversas 4.0: Mobile Money e os desafios da economia informal em Angola

Embaixada americana e Africell unem-se em projecto de dinheiro móvel

Na conversa de hoje, do programa tecnológico, com emissão semanal, conversas 4.0,que  teve como convidados Alcino Camota, representante da Tech21 África, Kiesse Canito, Coordenador da Tech21 África, Mário Cruz, Empreendedor, Rui Cossa, representante da M-Pesa (empresa de serviço financeiro móvel) e Dércio Viegas, CEO da Digital Factory, os especialistas  debateram a volta da situação da economia informal em Angola e África.

Em nota introdutória, o moderador Edilson de Almeida,  fez saber que o Mobile Money é um serviço que permite a inclusão financeira de pessoas que não possuem uma conta em uma instituição bancária tradicional, para que possam guardar, receber ou enviar dinheiro, pelo telemóvel, fazendo deste uma carteira electrónica.

Na sua primeira intervenção, Mário Cruz fez uma diferenciação entre Mobile Money e o Mobile Banking. Disse o especialista que, Mobile Money é um serviço que permite as transacções bancárias de uma forma móvel, ao passo que Mobile Money é o chamado dinheiro em UTTs.

Ao longo da sua abordagem, Mário Cruz chamou a atenção inicialmente para a questão das infraestruturas que possibilitam a existência do Mobile Money. Trouxe o exemplo do Uganda, onde 80% das pessoas utilizam o Mobile Money, e realça que no Quénia, cerca de metade do PIB é transacionado pelo Mobile Money.

Ainda no quesito infraestrutura, diz o especialista que os produtos que existem nas instituições bancárias não estão adequados ao baixo poder de compra das populações, sendo que, na estatística do BNA (Banco Nacional de Angola), apenas 30% da população angolana é incluída financeiramente.

Como consequência da falta de inclusão financeira, não só em Angola, como também um pouco por toda África, Mário Cruz diz que a população faz recurso ao sistema financeiro alternativo – Kixikila (em Angola), sendo 8 em cada 10 angolanos inclusos nestas práticas para a resolução de seus problemas.

Edilson de Almeida chamou a atenção pelo pedido de informação do BNA, convista a seleccionar a empresa responsável pelo sistema de transferências móveis instantâneas, se não viria a ser uma alavanca para a implementação do serviço de Mobile Money no país. Pelo que, Dércio Viegas reconheu que, com a referida iniciativa, cujo objectivo é o de permitir a inclusão financeira, terá bons resultados, por que grande parte da população angolana usa telemóvel (4 milhões de utilizadores), e o Mobile Money tem a particularidade de não depender da internet para haver operações transacionais.

Moçambique já usa o Mobile Money há mais de 10 anos, e Angola ainda não tem esse serviço oficializado. Edilson de Almeida questionou se,  essa resistência não se devia ao facto de os bancos verem esses serviços como concorrentes ao invés de parceiros. Dércio Viegas alegou que os Bancos não aderiram ainda por que anteriormente haviam outras alternativas como a rede de Multicaixas, por exemplo. 

Rui Cossa afirma que em Moçambique o Mobile Money já existe desde 2010 e que a primeira carteira móvel foi lançada pela operadora de telefonia móvel, MCel, um produto denominado M-Cash. Em 2013 a Vodacon levou o M-Pesa à Moçambique, levando um crescimento no produto e consequentemente o crescimento económico, pela extracção do Mobile Money.

Apesar de que, no ano em que o Mobile Money instalou-se em Moçambique, ter encontrado problemas pela inexistência de regularização, hoje, a operadora já conta com mais de 100.000.000 de transações mensais, equivalente a 4 bilhões meticais.

Alcino Camota chamou a atenção para três aspectos que podem propiciar a inovação em Angola e África: A existência de uma regulamentação; Financiamento das empresas; e Recursos humanos capacitados.

Chamou ainda a atenção pela cultura da Cooperação, da Inovação, e a eliminação da barreira linguística, sendo que, se África não pautar por esse caminho, entre países ladeados, corre o risco de importar serviços que não se adequarão à realidade e contexto do continente.

Em remate final, Kiesse Canito reconhece que  Angola já teve uma iniciativa do BNA para bancarizar a população fora do sistema financeiro em 2011, uma solução denominada Bankita, com o objectivo principal da inclusão financeira através do sistema bancário. Hoje esta solução desapareceu.

O Conversas 4.0, que durou cerca de 1hora, terá uma extensão, num live, hoje, pelas 19horas no Facebook do Tech21 África, com os mesmos convidados.

O programa Conversas 4.0, com cunho tecnológico é emitido todas as Terças-feiras, das 10 as 11horas, na LAC( Luanda Antena Comercial), com apresentação de Edilson de Almeida.

 

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