O Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional (GGPEN), distinguiu com Certificados de Mérito os estudantes Vilma Ventura e Ntumba Mavakala pelo desempenho apresentado durante o curso de desenho, construção e lançamento de pequenos satélites (CANSAT), que decorreu de 8 a 14 de Maio último, e que tinha como objectivo dotar os formandos de conhecimentos sobre as funções, arquitectura e integração de subsistemas que compõem um satélite, dando a possibilidade do envolvimento da academia nacional em projectos relacionados à ciência e tecnologia aeroespacial.
A entrega dos certificados decorreu durante o último dia do ANGOTIC 2023, após o acto de lançamento dos pequenos satélites feito no dia anterior a partir da comuna do Cabo Ledo, que contou com o apoio da Força Aérea Nacional.
Ao Portal de T.I, Vilma Ventura, estudante de Engenharia Informática da Universidade Óscar Ribas, explicou o processo pelo qual ela e os membros do seu grupo passaram para conseguir cumprir a missão principal que era conseguir receber os dados de telemetria do satélite após o lançamento.
“O processo passou pela integração de um pequeno satélite com quatro subsistemas (GPS, payload, power e OBC) em uma estrutura com o tamanho da lata de um refrigerante. Concluída esta etapa, testamos a recepção dos dados de telemetria através da nossa estação em terra, que foi o nosso computador, e também testamos a força e a abertura dos pára-quedas dos pequenos satélites. Com a ajuda da Força Aérea os satélites foram levados a uma altitude de 1 km e de lá foram soltos para descerem em queda-livre. Durante o regresso dos pequenos satélites à terra, conseguimos pôr em prática os testes e fomos recebendo dados como a localização do satélite, a temperatura dominante ao redor e a pressão atmosférica. Foi uma boa experiência,” conta a estudante.
Apesar da missão ser a mesma para os dois grupos participantes, o conjunto em que se encontrava o estudante Ntumba Mavakala, estudante de Engenharia Informática na Universidade Kimpa Vita do Uíge, foi além das condições básicas apresentadas e explorou uma missão secundária, dando utilidade a um dos sensores antes inutilizado, para conseguir obter outros dados de telemetria durante o voo do satélite.
“Notamos que o modelo de CANSAT do GGPEN tem um sensor GY91 que basicamente possui quatro sensores dentro dele. Descobrimos também que entre os quatro, há um sensor de magnitude que não é utilizado e decidimos explorá-lo para medir a magnitude da terra no local onde o CANSAT é lançado, para avaliarmos a estabilidade da terra, o que é muito útil em regiões com alto índice de terramotos,” explicou o estudante.
Ntumba Mavakala conta que o seu grupo utilizou também sensores para medição do nível de raios ultra-violeta que penetram na camada de ozono. A medição do dióxido de carbono na atmosfera também foi considerada pelo grupo de estudantes, mas a baixa capacidade energética do CANSAT surgiu como uma barreira, pois o pequeno satélite utiliza uma bateria de pouca duração e não seria possível executar essa parte da missão nestas condições. Foi então que, novamente, o grupo decidiu usar a criatividade.
“Temos no CANSAT um sensor que mede o nível de dióxido de carbono, mas consome muita carga. E visto que o CANSAT usa apenas uma bateria de pouca duração e nós queríamos adicionar essa parte à nossa missão, pensamos em adicionar uma fita solar na parte externa do satélite, para compensar o nível de energia. Assim, ao invés de dependermos apenas da bateria, teríamos também uma fonte alternativa. Além disso, também procuramos poupar ao máximo a carga da própria bateria e para fazer isso, aplicamos um método segundo o qual o sensor era desligado durante a subida do satélite e só entraria em acção quando estivesse já a descer, na altitude média, pronto para recolher os dados. Esta foi a nossa missão secundária,” concluiu.
Concluída a formação e recebidas as distinções, os dois estudantes manifestaram o interesse em continuar aprender sobre os satélites e levar adiante os conhecimentos aprendidos neste curso por meio de realização de palestras ou worshops, como forma de aumentar a literacia sobre os satélites, a sua funcionalidade, especificidades e importância.
O curso de desenho, construção e lançamento de pequenos satélites é promovido pelo Ministério das Telecomunicações, Tecnologia de Informação e Comunicação Social, através do Gabinete de Gestão do Programa Espacial Nacional. Participaram desta edição 30 formandos de 15 universidades públicas e privadas do país, seccionados nas províncias de Luanda, Lunda-Norte, Huambo e Uíge.