Web Summit debate presente e futuro da inteligência artificial

Web Summit debate presente e futuro da inteligência artificial

Começou nesta segunda-feira (13), em Lisboa, aquela que é tida como a maior conferência sobre empreendedorismo, tecnologia e inovação da Europa, a Web Summit. Neste ano o evento conta com um total de 70 mil participantes de 160 países, entre os quais 900 investidores e 800 palestrantes.

A noite de abertura destacou o potencial da Inteligência Artificial (IA) e contou, entre outros, com Jimmy Wales da Wikipedia, Vasco Pedro, CEO da Unbabel, Cristina Fonseca, sócia-gerente da Indico Capital Partners, Meredith Whittaker, presidente da Signal, Albert Wenger, sócio-gerente da Union Square Ventures, Andrew McAfee, pesquisador do MIT, e Katherine Maher, a nova CEO da Web Summit após a demissão de Paddy Cosgrave.

Comentando sobre a potencial ameaça que ferramentas como o ChatGPT representam para a Wikipedia, Jimmy Wales, que já havia dito que o chatbot da OpenAI não constitui uma ameaça à enciclopédia online gratuita, lançou farpas a Elon Musk e ao seu novo projecto, a xAI, destacando:

“Viemos do mundo do software livre; espírito de código aberto. Tudo na Wikipedia é licenciado gratuitamente. Você pode copiá-lo, distribuí-lo, modificá-lo… comercialmente ou não comercialmente. Estamos muito felizes e orgulhosos por existirem grandes modelos de linguagem lendo a Wikipédia e não apenas o Twitter de Elon Musk. Essa não é realmente uma grande fonte de verdade,” disse.

Jimmy Wales disse também acreditar que a IA poderia melhorar a Wikipédia, principalmente como um modelo de linguagem natural que poderia ser executado em todo o site, procurando e removendo declarações negativas.

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IA será uma criadora de empregos, não uma destruidora de empregos

O primeiro dia do evento ficou também marcado pelas visões sobre o futuro da IA apresentadas pela sócia-gerente da Indico Capital Partners, Cristina Fonseca, e pelo co-fundador e CEO da Unbabel, Pedro Vasco.

Os dois oradores crêem que a IA será omnipresente no mundo do trabalho e em quaisquer novas tecnologias futuras, pois, sublinha Cristina Fonseca, “todo software que for desenvolvido na próxima década terá que ter inteligência (artificial) incorporada”.

“A IA irá automatizar grande parte do trabalho que fazemos hoje e devemos aceitar isso,” sentenciou Cristina Fonseca.

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No mesmo sentido, Pedro Vasco disse acreditar que a inteligência artificial vai proporcionar muito mais riqueza, apesar das implicações da IA no mercado de emprego.

“Estamos prestes a criar muito mais riqueza e isso é sempre bom para o emprego”, disse, acrescentando que “nunca houve um caso em que um aumento do PIB não tenha levado a mais empregos”.

A IA está a ser usada como disfarce para minar os direitos dos trabalhadores?

A IA não está apenas a substituir os trabalhadores, mas também está a dar aos empregadores “um pretexto para degradar as condições de trabalho dos trabalhadores que gerem esses sistemas de IA”, disse a presidente da Signal e pesquisadora ética de IA, Meredith Whittaker.

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A presidente da Signal citou exemplos que incluem a Uber e a economia gig em geral, referindo que embora os políticos e o público em geral estivessem “distraídos pelas promessas brilhantes da tecnologia”, o que realmente estava a acontecer era “a degradação do estatuto de emprego em todo o mundo”.

Sobre o medo de que os humanos sejam substituídos pela tecnologia, Meredith Whittaker disse:

“Não podemos falar sobre a IA como uma agência. A IA não está a fazer isso”. Precisamos estar atentos às alegações de que a IA é uma tecnologia mágica que substitui os trabalhadores, porque isso não foi confirmado.”

A IA poderia nos libertar – ou nos destruir

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Albert Wenger, sócio-gerente da Union Square Ventures, apresentou uma visão positiva para a IA, argumentando que poderia libertar a humanidade do trabalho desnecessário, em vez de levar à perda de empregos, tal como os entendemos agora.

“Não queremos um mundo onde seja absolutamente necessário trabalhar apenas para sobreviver. Se somos tão avançados tecnologicamente, deveríamos estar a criar um mundo onde, se você quiser cuidar dos animais ou restaurar a natureza, você pode fazer isso e ainda viver,” disse.

A regulamentação sufocará a inovação em IA

Abordando a parte regulatória do assunto, o principal cientista investigador do MIT, Andrew McAfee, afirmou que se quisermos uma governação mais a montante da IA ​​e da tecnologia em geral, então devemos esperar menos inovação.

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Andrew McAfe citou a Lei da União Europeia sobre a inteligência artificial, a primeira lei abrangente sobre IA do mundo, observando que “esta lei deixa bastante claro que é necessária mais governação, [mas resulta em] mais dinheiro gasto, mais advogados contratados, mais engenheiros contratados e mais tempo gasto”.

“Olho para isso e começo a ficar um pouco menos entusiasmado com esta abordagem upstream… Estou na equipa de ‘inovação sem permissão’”, acrescentou.

Andrew sugeriu que a inovação sem permissão – que, na realidade, significa menos, em vez de total liberdade de regulação e supervisão – tem uma filosofia básica: “A inovação é uma actividade bastante imprevisível e descentralizada”.

 

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