Joaquim Cassicato 
A multinacional angolana de telecomunicações, Angola Cables, apresentou na última semana a sua nova “Cloud Node Luanda-02 (RFS)”, um investimento que visa reforçar a resiliência e a capacidade da sua plataforma de computação em nuvem, a Clouds2Africa. O lançamento foi acompanhado pela apresentação de um programa de vouchers de cloud, designado “Acelera Clouds”, destinado a apoiar startups e jovens empresários angolanos.
Durante a apresentação, o CEO da Angola Cables, Ângelo Gama, afirmou que a iniciativa vai muito além da simples venda de serviços.
“Um dos maiores custos para os nossos jovens empresários é a infra-estrutura digital. Conscientes disso, vamos apoiá-los com vouchers para usarem os nossos serviços gratuitamente durante um certo período”, declarou Gama, sublinhando o compromisso da empresa com a digitalização do país.
A estratégia da Angola Cables assenta na premissa da “soberania de dados”. O director de Inovação, Júlio Chilela, revelou dados alarmantes: anualmente, Angola gasta o equivalente a 425 mil VCPUs, 1,7 petabytes de RAM e 8 petabytes de armazenamento em clouds estrangeiras.
“Chegou uma nova era – a era do repatriamento de dados. Trabalhamos para que os dados angolanos, produzidos em Angola, fiquem no país”, afirmou Chilela, alertando para a perda de controlo sobre a informação quando esta está alojada no estrangeiro.
Em termos de competitividade, a empresa revelou um trunfo crucial que é o preço. Ângelo Gama afirmou, em entrevista, que a Clouds2Africa está, em média, 35% abaixo do valor de mercado praticado pela concorrência internacional.
Para rivalizar directamente com gigantes como Google Cloud Platform e AWS, a Angola Cables anunciou o lançamento de “pacotes pré-feitos” e funcionalidades avançadas. Entre estas, destaca-se uma ferramenta de Inteligência Artificial que permite a pequenas e médias empresas criar um website automaticamente, mediante o upload de imagens e resposta a algumas perguntas.
O apoio ao ecossistema tecnológico angolano estende-se à formação de talentos e ao fomento de negócios.
A empresa conta com o programa Talent Seeds, que oferece estágios de 3 a 6 meses a jovens talentos, com possibilidade de integração na empresa. Paralelamente, o AceleraNet é dedicado a acelerar micro e pequenas empresas, incluindo ISPs e startups de software, fornecendo-lhes suporte técnico, modelos comerciais vantajosos e alojamento na cloud.
Com a nova Cloud Node Luanda-02 a juntar-se aos já existentes em Sangano e Luanda-1, a Clouds2Africa consolida-se como a primeira cloud com três regiões em Angola.
