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Por: Eng.º António Fábio da Silva, Mestrando em Desenvolvimento de Aplicativos Móveis, Pós-Graduado em Agregação Pedagógica, Licenciado em Ciência da Computação.
Msc. Yosbel Camacho Izquierdo, Professor de Tecnologia de Informação
Introdução
Angola possui um défice de médicos, especialmente nas regiões Leste, Centro e Nordeste. Segundo os dados da Ordem dos Médicos de Angola, há um médico para cada 1000 angolanos. No Norte e Nordeste, esse número chega a 953,3 e 749,6, respectivamente.
A Organização Mundial da Saúde (OMS), por sua vez, estima que há 2,3 médicos para cada 10 mil angolanos, o que representa um quadro estatístico muito baixo, se comparado com a Europa, onde o rácio é de 33, 3 médicos para 10000 habitantes.
Essa má distribuição é mais acentuada, quando observados os dados das Províncias do interior de Angola, nas quais as estatísticas revelam que têm acesso a metade de médicos apenas os utentes que vivam nas capitais. Esta realidade motiva o deslocamento dos utentes da periferia às capitais.
Ao referir-se sobre esta movimentação, Medeiros (2017) identifica algumas dificuldades enfrentadas por esses utentes, destacando o agendamento de consulta e o tempo de espera no transporte dos municípios e comunas até à sede dos municípios, resultando, muitas vezes, no agravamento do estado de saúde do paciente.
Uma das saídas para a resolução deste problema, conforme a bibliografia disponível, tem sido as tecnologias de informação, ou seja, os serviços de saúde, nas suas mais variadas actividades têm associado os softwares, que facilitam o acesso à população, de modo geral, e aos utentes e/ou pacientes, de modo particular.
A população angolana, conforme os dados que constam do Jornal de Angola de 2019, faz o uso das tecnologias de informação com muita regularidade. A título de exemplo, a internet, através dos smatphones, é utilizada por cerca de um terço da população angolana, o que torna o desenvolvimento de aplicações móvel um factor a ser utilizado na gestão de acesso a informação, inclusive na rede nacional de saúde pública.
Diante desse cenário, propõe-se o desenvolvimento de um software que utiliza dados do Ministério da Saúde, que disponibiliza acesso a informação sobre os estabelecimentos e médicos que actuam no sistema nacional de saúde.
A utilização de informações georreferenciadas do Google Maps, possibilitará uma melhor visualização da localização das unidades sanitárias por parte dos utentes, exibindo todos os locais que ficam a um raio de 100 km de distância, a partir da localização do utilizador (paciente), obtida através de Global Positioning System (GPS). Essa localização ainda pode ser personalizada, permitindo este escolher um ponto e um raio de pesquisa.
Situação Problemática
(Levantamento feito na Direcção Nacional de Saúde Pública do MINSA)
Encontrar um estabelecimento unidade sanitária e/ ou hospitalar aberto (Posto Médico, Centros Médicos e Hospitais centrais), com Médicos em serviços e agendar consultas médicas, não é tarefa fácil em Angola. O problema agrava-se, principalmente, nas zonas urbanas e suburbanas do país. Muitas vezes, o utente procura por uma destas unidades sanitárias em condições de aflição extrema por um problema de saúde, e depara – se com longas filas, e ausência de profissionais de saúde no local.
Assim sendo, questiona-se como esse problema poderia ser amenizado ou resolvido. Uma possível solução foi desenvolver um aplicativo móvel, mostrando não só as informações dos profissionais de saúde em serviço, mas também os estabelecimentos hospitalares abertos (Posto Médico, Centros Médicos e Hospitais), Médicos em serviços, farmácias, agendamentos de consultas e triagem emergencial com informações seguras e confiáveis em tempo real.
Os problemas detectados foram determinados a partir de análise e de alguns trabalhos relacionados, por intermédio de pesquisa e de observações, onde destacamos o seguinte:
⦁ Ausência e/ ou défice de informação sobre os médicos em serviço e suas especialidades;
⦁ Falta de organização em alguns hospitais e centros de saúde;
⦁ Demora no atendimento;
⦁ Falta de controlo no atendimento emergencial;
⦁ Excesso de burocracia, demora na triagem e na marcação de consultas internas e externas.
Foi possível detectar o seguinte Problema Científico:
⦁ Como o aplicativo móvel é – saúde pode facilitar a localização dos Hospitais Públicos e auxiliar os utentes?
O objectivo
⦁ Desenvolver um aplicativo móvel que atende-se o problema acima mencionado, especificamente, interligar a rede nacional de saúde pública de Angola, Farmácia e algumas instituições hospitalares privadas numa base de dados única.
Análise síntese dos dados
Com base nas observações e entrevistas, onde foi possível, em duas semanas de trabalho junto da Direcção Nacional de Saúde Pública do MINSA, entrevistar alguns profissionais de saúde e 20 utentes e/ou pacientes, cujos resultados são descritos abaixo, foi possível averiguar que mais da metade dos entrevistados possuem smartfone ou tablete, sendo que é uma das condições necessária para ter acesso ao aplicativo móvel, dos números acima mencionados apenas metade tem acesso permanente à internet.
Fonte: Elaborado pelo Autor, 2021.
Consultados os dados estatísticos constantes do INACON, referentes aos censo populacional de 2014, foi possível verificar que, de modo geral, em Angola, 37,5% da população tem acesso ao telemóvel, 9,9% têm acesso ao computador e à internet, 10,2%. Como se pode verificar na tabela abaixo:
Resultados
O desenvolvimento do aplicativo foi solicitado a um grupo de utilizadores para efectuarem testes e responderem a um questionário sobre o aplicativo desenvolvido, incluindo os profissionais da saúde pertencentes ao Sistema Nacional de Saúde Pública do MINSA. Na tabela abaixo são apresentadas algumas questões aplicadas.
Tabela I – Avaliação de usabilidade do Aplicativo
Foram elaboradas cinco (5) perguntas para serem feitas em uma experiência com alguns utilizadores, um utilizador no papel de utente e outro no papel de profissional de saúde, com o objectivo de experimentar e alimentar o sistema.
Os utilizadores e/ ou pessoas questionadas são do sexo masculino e feminino, com a idade compreendida entre os 25 e 45 anos, trabalham no sector da saúde, ou em escritório de uma empresa privada e com dificuldades agendar e localizar unidades sanitárias, aplicando o questionário para a mesma, confirmando ser uma óptima ideia de ferramenta para auxiliar no dia.
Tabela II – Experiência de usabilidade do Aplicativo com os utilizadores
Ao abrir o aplicativo (é-saúde), o utilizador depara-se com a tela das unidades sanitárias públicas com endereço, mapas e sua localização, uma tela conhecida de vários aplicativos, por essa aparência o aplicativo se torna fácil de ajudar e amigável. O respondente solicitou novas funções que podem ser adicionados em trabalhos futuros e de melhorias contínuas.
Na tabela abaixo (tabela 13), são ilustradas as respostas do profissional da saúde e a experiência profissional. Os utilizadores são do sexo masculino e feminino com idade compreendida entre os 25 aos 35 anos de idade, profissionais da área da saúde, pertencente ao sistema nacional de saúde pública em Angola.
Tabela III – Pesquisar Unidade Sanitária (Hospitais e Centros de Saúde)
O funcionário ao abrir o aplicativo, depara-se com uma tela simples de actualização em tempo real das consultas agendadas, médicos em serviço e lista de espera dos utentes em função da urgência. Testando o aplicativo, o funcionário esclareceu que o mesmo funcionava correctamente, tendo sugerido melhorias na aparência e novas funcionalidades.
Conclusão
Com base no aludido, somos a considerar a importância da implementação do aplicativo que vai colmatar com as dificuldades aqui mencionadas. O aplicativo estará disponível na Google Playstore e vai facilitar o acesso à Rede Nacional de Hospitais Públicos, uma vez que, o aplicativo móvel vai auxiliar os utentes a realizar buscas por hospitais públicos, médicos em serviço em toda a extensão do território Angolano. O sistema traz as informações dos hospitais que estão em atendimento, mostrando o endereço, telefone e o médico em serviço. No horário de atendimento normal, todos os hospitais são listados. Com a utilização das tecnologias Android, GPS, Google Maps, foi possível desenvolver um sistema que atendesse as necessidades dos utentes a procura dos serviços básicos de saúde.
Por último, as aplicações móveis vieram para ficar e para mudar a forma de interagir e de realizar as diversas actividades do ser humano, e numa visão mais ampla. Em nosso entender, os aplicativos móveis emergem o ser humano numa nova realidade, uma realidade de possibilidades alternativas.
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