A edição desta terça-feira (28) do programa radiofónico Conversas 4.0, que esteve sob moderação de Edilson Almeida, reuniu especialistas para analisarem os desafios que a interoperabilidade e a integração de sistemas enfrentam no país face transformação digital que se assiste nos dias de hoje.
Para melhor compreender sobre a temática, foram convidados o Doutor Ivan Mateus, técnico do Departamento de Apoio ao Director Geral do Instituto de Modernização Administrativa; William Oliveira, CEO da Tistech (empresa integradora de soluções); Jorge Cipriano, analista de negócios de sistemas de informação e Ricardo Henriques, administrador de tecnologias de inovação e comunicação da TESCO (empresa de tecnologias sistemas e consultoria).
No início do programa, Edilson Almeida mostrou a sua preocupação na adopção desse sistema pelo Estado, uma vez que a “interoperabilidade diz respeito à capacidade de dois ou mais sistemas comunicarem, de forma eficaz e garantem a integridade dos dados e os resultados almejados pela empresa”, disse.
Jorge Cipriano admitiu que o próximo passo da administração pública é passar os processos de forma digitalizada, sob formas de facilitar a vida do cidadão.
“Iniciativas promovidas como a do IMA (Instituto de Modernização Administrativa); portais como o SEPE; os serviços digitais como os da Segurança Social; os serviços digitais da AGT (Administração Geral Tributária); os serviços digitais do Ministério da Justiça. A medida que esses serviços públicos forem congregando todas as informações e interoperarem, o cidadão ganha com isso”, disse.
Ao longo da sua abordagem, Ricardo Henriques fez saber que a partilha de informação entre as empresas é um sinal claro de interoperabilidade. Falou ainda da resistência que existe por parte de quem toma as decisões, como uma dificuldade para haver transição digital, sobretudo no sector privado. “Se tem que haver uma disrupção no sector público, então está a acontecer. Só que, é um período e é um processo, e temos que ultrapassar alguns obstáculos”, acrescentou que, do ponto de vista do sector privado, aí sim há resistência, sobretudo na banca.
“O sector bancário começou com a interoperabilidade com a EMIS (Empresa Interbancária de Serviços) e, desde então, nós nunca ouvimos algo diferente do que essa integração. Os serviços digitais da banca continuam um pouco retrógrados. São poucos aqueles que realmente inovam”, concluiu.
William Oliveira disse que a interoperabilidade funciona quando há comunicação entre sistemas distintos e heterogéneos que podem não pertencer a mesma entidade, mas, o homem permite, através de protocolos e padronizações, sem uma dependência tecnológica; ao passo que a integração ocorre quando há junção de dois sistemas nos dados do utilizador, existindo assim uma dependência tecnológica entre ambos.
“Para integrar, nem sempre há interoperabilidade, mas, para haver interoperabilidade, tem que integrar”, disse.
Jorge Cipriano salientou que tem verificado que quando se trata de tecnologia e de soluções tecnológicas, o cidadão tende sempre a estar numa posição dianteira a dos governos e, por este motivo, há a necessidade do governo seguir a dinâmica.
“Cada vez mais o cidadão, por conta das tecnologias inovadoras e deste mundo de inovação e de digitalização, acaba por estar na frente dos governos, do ponto de vista de conhecimento e de usabilidade das soluções que hoje existem. Há uma necessidade do governo se preparar e entregar as soluções que hoje exigimos”, disse.
No final do diálogo, Kiesse Canito juntou-se ao programa e falou da interoperabilidade no sector da agricultura, como factor de desenvolvimento, fazendo um apelo para que exista a interoperabilidade entre o Ministério do Comércio e o da Agricultura.
“Na agricultura, nos temos uma cadeia vasta, que vai desde os insumos, produção e logística. Acredito que se nós tivéssemos um sistema integrado nessa cadeia toda, nós teríamos uma agricultura mais eficiente, para prever a quantidade de insumos, a produção e fazer o alinhamento entre a demanda e a oferta
Conversas 4.0 é um programa radiofónico da Luanda Antena Comercial (LAC) que promove um ambiente de diálogo, com especialistas dos mais variados sectores, com conhecimento das TIC. Acontece todas as terças-feiras, às 10 horas, sob moderação de Edilson Almeida.
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