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A aplicação da tecnologia e da inovação no sector da saúde foi analisada na última sexta-feira (18) em fórum realizado pela Saúde Club, em Luanda. O evento, que reuniu profissionais do sector da saúde e das tecnologias de informação e comunicação, serviu de palco para a partilha de boas práticas alinhados aos dois sectores, com vista a melhoria da saúde das pessoas.
No centro das discussões estiveram temas como Gestão e Manutenção de Equipamentos Hospitalares, Integração da Tecnologia e IA na Área da Oftalmologia e a conexão da Saúde, Inovação e Tecnologia na era do Click Digital.
A Gestão e Manutenção de Equipamentos Hospitalares, na opinião dos intervenientes, ainda não tem recebido a devida atenção ao nível do sector, facto que contribui na rápida degradação destes equipamentos essenciais para a tomada de decisões médicas e tratamento dos pacientes.
De acordo com o representante da Medicitech, Alexandre Chianeque, o facto de haver no país apenas uma universidade pública a leccionar Electromedicina, a área da medicina voltada aos equipamentos eléctricos utilizados no diagnóstico, tratamento e observação médica, é outro indicativo do quanto a questão é deixada para trás.
“As direcções não têm levado muito a sério essa questão, infelizmente, e por isso é que temos muitos parques com equipamentos obsoletos. Por exemplo, nos hospitais públicos, vemos equipamentos que saem de serviço um ou dois anos após serem instalados, devido à falta de manutenções preventivas, o que influencia directamente no tratamento do doente e das doenças”, disse.
A situação, entretanto, já foi pior, refere o responsável pelo departamento de Electromedicina da Bravo Moco, Arlindo Lawrence. Segundo o engenheiro, as dificuldades económicas que o país enfrenta têm forçado as instituições, tanto públicas quanto privadas, a adoptar a prática da manutenção preventiva dos equipamentos.
“Antes, a cultura era: estragou, compramos um novo. Agora, com a falta de dinheiro, já se está a criar a cultura de manutenção preventiva, principalmente nas clínicas privadas. Os hospitais públicos ainda não têm essa cultura”, disse.
Os engenheiros entendem que as direcções das unidades hospitalares devem fazer uma avaliação de custo e benefício, de modo a permitir que a manutenção preventiva destes equipamentos contribua directamente para os objectivos das instituições.
Os participantes saudaram a iniciativa da Saúde Club por criar um evento que associa a Saúde, a Tecnologia e a Inovação, sobretudo por trazer temas que abordam a realidade vivida diariamente no sector.
Para o participante e eléctromédico Osvaldo Avelino, que actua como docente no curso de Electromedicina da Universidade José Eduardo dos Santos, a única instituição superior pública no país com este curso, a iniciativa da Saúde Club é encorajadora para o sector, pois apesar do curso ter sido introduzido no país há cerca de 15 anos, a área ainda é pouco conhecida.
“Ainda é necessário muito trabalho para que os outros profissionais da Saúde e a sociedade conheçam e percebam o trabalho de um electromédico e a sua importância, e fóruns deste género vêm a calhar. Pois, ao passo que o médico lida directamente com o paciente, o electromédico lida directamente com o aparelho que está entre o paciente e o médico, portanto é um profissional importantíssimo no ramo da Saúde”, finalizou.