Itel destrona Apple e pressiona Samsung em participação de mercado em Angola 

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As marcas de telemóveis inteligentes com maior representação de mercado em Angola mantêm-se essencialmente as mesmas desde 2020, exceptuando-se o facto de que, de lá para cá, três marcas anteriormente muito presentes, como a Wiko, BQ e ZTE vão gradualmente desaparecendo do mercado, abrindo caminho à Transsion, empresa que detém, entre outras, a Tecno, Itel e a Infinix.
 
Marca líder em Angola
 
De acordo com a StatCounter Globalstats, a Samsung domina o mercado de telemóveis inteligentes em Angola, com uma participação de mercado avaliada em 20.61%. Estes dados referem-se ao período que vai de Janeiro a Dezembro de 2024.
 
Apesar da vantagem, a Samsung está sob pressão no mercado nacional. Pois, os seus níveis de representação só têm decrescido desde o ano 2020, período em que detinha uma participação de 41.93%.  Em 2021, este número caiu ligeiramente para 41.88%, em 2022 caiu para 39.8%, em 2023 aumentou a queda para 31.32%. Em 2024 ocorreu a maior queda, com a representação da sul-coreana caindo para 20.61% até Dezembro.
 

Source: StatCounter Global Stats – Device Vendor Market Share

Wiko, BQ e ZTE fora de jogo
 
À medida que a Samsung perde espaço, marcas relactivamente mais novas, como a Tecno e Itel, vão preenchendo o mercado e assumindo, inclusive, vazios deixados por marcas que anteriormente foram populares em Angola, como a francesa Wiko e a espanhola BQ, por um lado, e a ZTE, por outro.
 
A representação da Wiko em Angola, marca que em 2020 estava presente em mais de 30 países e contava com 30 milhões de utilizadores, sobretudo africanos, foi reduzindo ao longo dos quatro anos até desaparecer das estatísticas. Em 2020 a sua presença no mercado angolano foi avaliada em 1.41%, sendo a décima maior marca do mercado nesse ano. Em 2021, a participação caiu para 1.37%, em 2022 reduziu para 0.87% e em 2023 desapareceu das estatísticas da StatCounter Globalstats.
 
Recorde-se que apesar de estar sediada em Marselha, França, a Wiko é de facto uma subsidiária da empresa chinesa Tinno Mobile sediada em Shenzhen, na China. Importa referir também que, em 2017, o caso do envio de dados técnicos dos telemóveis Wiko à Tinno Mobile, sem o consentimento dos clientes, manchou a reputação da marca em muitos mercados dessa que já foi campeã mundial em vendas de telemóveis Android com dois SIMs, vendendo 2,6 milhões de dispositivos em 2013.
 
A BQ era a oitava maior marca no mercado angolano em 2020, com 2.48% em participação de mercado, mas a sua presença começou a reduzir a partir de 2021, ano em que a marca parou oficialmente de produzir e vender telemóveis em todo o mundo, devido a questões financeiras associadas à sua aquisição pela vietnamita Vingroup em 2019.
 
Apesar de começar a desaparecer nos mercados europeus em 2020, a sua ausência das estatísticas relactivas a Angola ocorre apenas em 2022. No ano 2021, conforme a estatísticas, a BQ ainda representava 1.41% do mercado, na nona posição.
 
Com a saída da BQ, a chinesa ZTE assume a nona posição da lista, representando 1% do mercado em 2022, após estar ausente das estatísticas nos dois anos anteriores. Em 2023 a marca caiu para 0.96% em participação de mercado, apesar da saída de cena da Wiko e da BQ, e em 2024 desapareceu das estatísticas.
 
Itel destrona Apple e pressiona Samsung
 
De 2020 a 2024 as marcas associadas à Trassion foram das que mais cresceram em Angola. Se em 2020 a Tecno representava 4.96% do mercado e a Itel 1.67%, em 2021 essa representação passou a ser de 6.49% para a Tecno e de 3.37% para a Itel.
 
Em 2022, as duas já figuravam o top 5 das maiores marcas em Angola, com a Tecno na terceira posição, com 10.26%, e a Itel, na quinta posição, com 7.14%, demonstrando um crescimento preocupante para a Samsung e Apple que lideravam as estatísticas.
 
Em 2023 a Tecno perde espaço para a sua “irmã” Itel, com essa última assumindo o terceiro lugar da lista das maiores marcas com 14.36%, deixando a Tecno na quarta posição com 11.4%. Nessa altura, a Apple encontrava-se na segunda posição da lista, atrás da Samsung, como era “tradição” desde 2020.
 
A Apple, que de 2020 a 2021 aumentou a sua participação no mercado de 13.73% para 16.43%, decaindo ligeiramente em 2022 para 16.13% e aumentando brevemente a vantagem para 16.26% em 2023, perdeu a segunda posição em 2024 para a Itel, estando agora na terceira posição da lista com 14.42% em representação de mercado, enquanto a Itel controla 17.71% e a Tecno mantém-se na quarta posição com 13.41%.
 
O crescimento verificado nas marcas da Trassion permitem-nos ter um vislumbre do futuro do mercado de telemóveis inteligentes em Angola, o qual deverá ser dominado por dispositivos de origem chinesa. A essa percepção está também associado o facto de que, em 2024, das nove marcas com maior participação de mercado em Angola, seis eram de origem chinesa, nomeadamente, conforme a sua posição na lista: Itel, Tecno, Huawei, Xiaomi, Vivo e Oppo.
 
Refira-se, aliás, que a presença da Trassion, sediada em Shenzhen – China, já é dominante em todo o continente africano, detendo 51% da participação de mercado entre os fornecedores de telemóveis de 2021 a 2023, tendo liderado o mercado no mesmo período com 9,8 milhões de remessas, conforme os dados da Canalys.
 

A StatCounter GlobalStats analisa mais de cinco mil milhões de visualizações de páginas mensais para cerca de 1,5 milhão de sites, com vista a estimar as principais marcas e fornecedores em vários sectores e regiões. No caso de Angola, o tamanho dessa amostra era de 3.201.830 visualizações de página em Julho de 2022.

Importa ainda referir que embora estes dados possam indicar uma forma de participação de mercado em termos de utilização, eles não reflectem a participação real de mercado de vendas monitorada por organizações como a Counterpoint e a International Data Corporation.

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