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Terminou no passado sábado (22) a primeira edição do LISPA Hack IA 2024, um evento intensivo de quatro dias que reuniu programadores, designers, gestores de projectos, analistas de dados e especialistas em inteligência artificial (IA), para desenvolver soluções sustentáveis voltadas à Agricultura, Mobilidade Urbana e Finanças baseadas em Processamento de Linguagem Natural.
Sagrou-se vencedora desta edição, com um prémio de 1 milhão de kwanzas, a startup Kima Kudi, que apresentou uma solução voltada às finanças, para combater a demora e a parcialidade no processo de concepção de crédito aos clientes particulares.
Créditos: Abraão Quitumba
“A ideia é aumentar a eficiência e a imparcialidade na concessão dos créditos bancários, através da automatização deste processo. Para garantir essa eficiência e neutralidade, utilizamos no centro da nossa solução uma IA treinada por nós, do zero, e que possui, actualmente, uma precisão de 82%”, explicou Celsa Alberto, gestora de projecto da Kima Kudi.
Segundo o grupo, composto por cinco integrantes, “a solução é capaz de aferir se um requerente de crédito possui as condições para receber o financiamento com base nos requisitos exigidos, o que poupa e muito o esforço humano neste processo”.
Em segundo lugar, com um prémio de 800 mil kwanzas, ficou a startup Olela, que apresentou uma solução para suprir a escassez de dados actualizados, fidedignos e completos sobre a actividade agrícola nacional.
Créditos: Abraão Quitumba
“A Olela é uma plataforma que faz apresentação de dados estatísticos por via de chatbots e gráficos sobre a agricultura nacional. Através destes dados, investidores, agricultores ou clientes individuais podem ter acesso a dados críticos sobre as principais fazendas de produção de um certo produto a nível do país, o tempo médio de produção, entre outros detalhes”, explicou Marco Zeca, gestor de projecto da Olela.
Marco Zeca explica que, pelo potencial que a Olela possui, o grupo decidiu avançar com as outras etapas para o seu amadurecimento, tais como a prototipagem, a fim de garantir a implementação efectiva do projecto.
Ficou em terceiro lugar, com um prémio de 700 mil kwanzas, a Etale. A startup apresentou uma solução para a falta de optimização dos serviços de mobilidade urbana, que recorre ao GPS e à IA para permitir que os condutores tenham acesso a dados em tempo real sobre os pontos da cidade com maior escassez de veículos e maior quantidade de passageiros.
Créditos: Abraão Quitumba
“O que acontece, às vezes, é que em Viana, num dado horário, há vários autocarros na paragem e poucos passageiros, enquanto que no mesmo horário temos vários passageiros à espera no Largo das Escolas e poucos autocarros disponíveis. A solução visa então garantir que os condutores dos transportes colectivos tenham acesso a esses dados em tempo real, para ajudá-los a distribuir melhor os meios e a evitar perdas financeiras que, conforme o nosso estudo, podem chergar aos 84 milhões de kwanzas”, explicou o grupo durante a apresentação do projecto.
Para o responsável pela implementação do LISPA Hack, Denilson Padre, esta foi uma edição muito competitiva em comparação com as edições anteriores.
“Foram quatro dias de LISPA Hack e, só para termos uma ideia, houve uma equipa que no terceiro dia, a noite, quase que não conseguia apresentar algo concreto. Entretanto, de madrugada, conseguiu dar a volta por cima e trazer um protótipo e uma apresentação como deve ser, então foi uma edição realmente muito competitiva”, referiu.
Daqui para frente, explicou Denilson Padre, se os participantes decidirem que sim podem se inscrever a um outro programa da Acelera Angola que possam levar os seus projectos da fase de protótipo ao MVP ou um nível superior. “Temos essas condições para acelerar e incubar essas startups”.
O LISPA Hack IA é um produto do Laboratório de Inovação do Sistema de Pagamentos de Angola que é, por sua vez, uma iniciativa do Banco Nacional de Angola e do Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação, implementada pela Acelera Angola.