ChatGPT: uma ameaça ou oportunidade?

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O ChatGPT, sigla para Generative Pre-trained Transformer, é um chatbot desenvolvido para o processamento de linguagem natural, utilizando inteligência artificial (IA). A ferramenta apresenta uma admirável capacidade interactiva e é capaz de manter conversas em várias línguas (incluindo português) muito semelhantes aos diálogos humanos, sendo também capaz de responder a perguntas simples e complexas, redigir textos (que podem ser alegres, tristes, de amor, textos filosóficos, ou o que você quiser, dependendo da orientação feita à ferramenta), ou mesmo criar, dissecar e analisar códigos de programação.
 
A criação do ChatGPT esteve a cargo da empresa de pesquisa de IA OpenAI, que apresentou a ferramenta a 30 de Novembro de 2022. A empresa também é responsável pela criação de outros dois programas baseados em IA: DALLE 2 e o Whisper. O primeiro é um gerador de arte baseado em IA e o segundo é um sistema automático de reconhecimento de voz baseado na mesma tecnologia.
 
Em quê que o ChatGPT se diferencia de uma ferramenta de busca, como o Google ou Bing, por exemplo?
ChatGPT: uma ameaça ou oportunidade?
Créditos: D.R
 
A grande diferença assenta na limitação das informações que o ChatGPT utiliza para fornecer as respostas. Conforme admitido pela própria OpenAI, o ChatGPT não tem a capacidade de pesquisar informações na Internet, a ferramenta depende apenas dos dados que absorveu durante os treinamentos, os quais abrangem o ano 2021 e todos os anos anteriores a este.
 
Assim, uma pergunta relacionada a factos que tenham ocorrido depois de 2021 pode ser de difícil resposta para o ChatGPT, beirando mesmo o impossível, o que não se aplica às ferramentas de busca da Google e da Microsoft. Quer dizer, se perguntarmos ao ChatGPT pelo número de vítimas causadas pelo terramoto que atingiu o Sul da Türkiye e o Norte da Síria nesta segunda-feira (6), certamente não teremos resposta, considerando as limitações da ferramenta. No entanto, se a mesma pergunta for feita ao Google ou Bing, o resultado será totalmente diferente.
 
Uma ferramenta impressionante, mas ainda limitada
 
Apesar do que se possa dizer a seu respeito, a ferramenta criada pela OpenAI ainda possui uma série de limitações, além das que já citamos. Conforme observa o site britânico ZDNet, outras limitações incluem a “incapacidade de responder a perguntas formuladas de uma maneira específica, exigindo reformulação para entender a pergunta de entrada”. Uma limitação maior, sublinha, é a falta de qualidade nas respostas que oferece, que às vezes podem soar plausíveis, mas não fazem sentido prático ou podem ser excessivamente prolixas.
 
O site critica também a falta de pedidos de esclarecimento por parte da ferramenta sobre questões ambíguas feitas a si, por considerar que tal facto leva o ChatGPT a adivinhar a intenção ou o significado da pergunta, podendo levar a respostas não intencionais.
 
ChatGPT causa alvoroço na Internet, mas nem todos o vêem com “bons olhos”
 
Logo nos primeiros dias do seu surgimento no mercado, o ChatGPT se tornou uma febre entre os utilizadores de Internet pelo mundo, que o queriam conhecer e testar as capacidades que eram atribuídas à ferramenta. Tal foi o alvoroço que nos primeiros 5 dias, após o seu anúncio, a ferramenta registou 1 milhão de utilizadores, segundo dados avançados pelo CEO da OpenAI, Sam Altman.
 
 
 
 
 
 
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Sobre interagir e testar as habilidades do ChatGPT, é oportuno referir que a ferramenta está nesta altura em fase de testes e aberta à interacção para todos que estiverem interessados, para tal só tem de clicar aqui e seguir os procedimentos indicados (se já está inscrito, faça log in. Se não, clique em inscrever-se). No entanto, é bom lembrar que alguns países podem ainda não ter disponibilidade à ferramenta, porque o acesso ao ChatGPT ainda não é global, algo que a OpenAI promete melhorar com o tempo.
 
Mas, voltando ao assunto, se por um lado a ferramenta foi recebida com entusiasmo por uns, devido às suas capacidades interactivas, de análise, cálculo, entre outras, também houve quem quisesse se manter céptico quanto ao lado positivo destas capacidades. Entre estes últimos está Elon Musk, também ele um dos co-fundadores da OpenAI, que comentou o seguinte a respeito do ChatGPT:
 
“O ChatGPT é assustadoramente bom. Não estamos longe de uma IA perigosamente forte”.
 

Recorde-se que em 2014, Elon Musk, que actualmente não faz parte da OpenAI, já havia afirmado que a humanidade devia ter cuidado em lidar com a IA.
 
“Nós devemos ter muito cuidado com a inteligência artificial. Se eu tivesse que palpitar sobre qual é a principal ameaça à nossa existência, acho que seria essa. Precisamos ser cuidadosos. Estou cada vez mais inclinado a achar que deveria haver alguma espécie de regulamentação, talvez em nível nacional e internacional, para garantir que não façamos algo muito estúpido”, disse o empresário durante uma palestra para estudantes no Massachusetts Institute of Technology (MIT).
 
A inteligência artificial é uma “ameaça” à educação? A resposta não é consensual
ChatGPT: uma ameaça ou oportunidade?
Créditos: D.R
 
De acordo com um artigo publicado pela BBC, a “ameaça” de disrupção trazida por ferramentas como o ChatGPT já paira sobre trabalho e o emprego. Áreas que dependem do texto, como o jornalismo, poderão ser largamente modificados e várias vagas podem desaparecer indefinidamente.
 
Mas as áreas sociais não são as únicas no radar desta “ameaça”. Segundo o artigo, a competência do ChatGPT em gerar códigos também já suscita preocupação num sector relativamente novo, o da programação. No entanto, uma das áreas que vem percebendo, desde já, o potencial de problemas do ChatGPT é justamente uma das mais afectadas pela chegada das novas tecnologias: a educação.
 
Para alguns profissionais da área, a capacidade do ChatGPT poder, por exemplo, escrever um artigo sobre qualquer assunto de forma eficiente em questão segundos, eliminando potencialmente a necessidade de um redactor humano, pode levar os estudantes a explorarem mal a ferramenta, aproveitando-se da mesma para cumprir com as suas responsabilidades escolares.
 
Este assunto é levado tão sério que, no início de Janeiro último, o New York City Schools, o maior departamento escolar dos EUA, viu-se obrigado a bloquear o acesso de alunos e professores ao ChatGPT nos seus dispositivos e redes. Este e outros exemplos, têm sido apontados como indicadores da necessidade de se medir as consequências desta ferramenta e de se adoptar medidas preventivas.
 
Não se trata de resistir e sim de estudar e compreender a tecnologia
ChatGPT: uma ameaça ou oportunidade?
 
Créditos: metamorworks/Shutterstock
 
Apesar de tudo, nem todos vêem o ChatGPT como uma ameaça ao ensino ou ao emprego. Num artigo recente, a directora do Executive MBA da Porto Business School e Professora na Faculdade de Economia do Porto, Rosário Moreira, afirma que, no que concerne ao trabalho, o ChatGPT permitirá dar um salto na realização das actividades básicas diárias, como escrever e calcular, por exemplo.
 
“Em termos de ferramenta de trabalho, penso que estamos a assistir a algo que permitirá dar um salto maior do que o do pergaminho e pena para o Microsoft Word (ou qualquer outro processador de texto), ou da velhinha conta de dividir ou de multiplicar à mão para o Microsoft Excel ou similar. O ChatGPT vai ser, prevejo, muito em breve, a ferramenta básica de trabalho,” disse Rosário Moreira num artigo publicado na Revista Visão.
 
Relativamente ao ensino e aprendizagem, a professora admite que a ferramenta pode ter inconvenientes agora, mas só representará uma ameaça ao status quo se nada se fizer para se adequar o tipo de ensino tradicional à realidade actual.
 
“No que diz respeito às universidades e às escolas em geral, existe uma emergência na análise do impacto desta ferramenta tecnológica na forma de ensino, de aprendizagem e no modo de avaliação. Um perigo para o ensino? (por exemplo, o ChatGPT realizar todo o trabalho pelo aluno). Sim, é um perigo se nada se fizer e se não se adequar o tipo de ensino e de avaliação tradicional à realidade actual,” afirmou.
 
Para a professora, o ChatGPT representa uma grande oportunidade para reforçar uma das missões das Universidades: preparar os jovens para desempenharem, com competência, uma profissão e, na aprendizagem ao longo da vida (formação executiva e pós-graduada), dotar os alunos com competências actualizadas e necessárias para maiores responsabilidades e/ou aptidões específicas a novos desafios.
 
Até aqui, as opiniões sobre o ChatGPT ser uma ameaça ou uma ferramenta que poderá ajudar na realização de tarefas diárias pessoais e profissionais ainda permanecem muito pouco consensuais. No entanto, uma coisa é certa: o ChatGPT está aqui e ao que tudo indica, à semelhança doutras soluções de IA, deverá continuar a se desenvolver até atingir níveis de inteligência pouco vistos em programas semelhantes.
 
As discussões em torno do ChatGPT demonstram, por outro lado, que um posicionamento receptivo destas tecnologias pelas diversas áreas de trabalho deverá começar a ocorrer com mais celeridade, sob pena de se ficar para trás nesta corrida. Ou seja, não se trata de resistir e sim de estudar estas tecnologias, compreendê-las, avaliar os seus prós e contras, a sua aplicabilidade na vida real, bem como procurar aproveitar as mesmas para melhorar e simplificar processos já existentes.
 
 
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