Recentemente participei num evento sobre Transformação Digital. Entre vários ensinamentos sobre os desafios e oportunidades das novas tecnologias, surgiu um naquele ambiente o pré-conceito dos «Jurássicos» (não confundir com preconceito).
Como ideia pré-concebida, e segundo meu entendimento os «Jurássicos» seriam então pessoas que por esta ou aquela razão não adoptam a tecnologia para ter processos, produção ou consumo mais eficiente de bens ou serviços. Acredito, porém, que ser «Jurássico» não é uma questão de idade, mas sim, sobre o quão friendly é o nosso mindset para aceitar a digitalização e incorporá-la no quotidiano.
Assim, e por exemplo um jovem que corre de farmácia em farmácia a procura de um certo medicamento estaria a ser um tanto quanto «Jurássico», pois poderia primeiro usar uma app para localizar a farmácia mais próxima com o artigo em stock.
Assim, e por exemplo um executivo «sénior» daqueles com mais de 40 anos de experiência de trabalho na mesma coisa, se tomar uma decisão crítica a nível corporativo apenas com base no «sempre foi assim» estaria a ser um tanto quanto «Jurássico», pois poderia somar ao seu feeling as analytics de big data como adicional ao processo de decisão.
Da mesma forma, o tech empreendedor, pioneiro e speaker 4.0 se julgar que a sua inovação será novidade para sempre estaria a ser um tanto quanto «Jurássico», pois o sucesso traz inveja e o ciúme nos negócios acaba por gerar bens «substitutos» que concorrem para a mesma satisfação.
Apesar das pessoas serem o agente de mudança de qualquer tendência 4.0, eu acredito que as instituições têm um peso psicossocial muito maior. Enquanto o indivíduo é o «capim» as instituições são o «elefante», tendencialmente pesados, lentos e pouco ágeis.
Uma pessoa pode influenciar outra pessoa, ou se for uma pessoa muito carismática pode influenciar talvez um grupo de pessoas dentro do seu «círculo de fama». Já uma instituição influencia sempre uma colectividade, e tem um certo grau de poder formal, legítimo ou moral sobre as pessoas.
Enquanto as pessoas sugerem mudanças, as instituições impõem mudanças.
Para o cidadão angolano uma instituição «Jurássica» é aquela que não consegue viver «sem papel» paperless ou eliminar a frase «quem é a última pessoa» filasNOT, se não no seu todo, pelo menos na parte que nos toca. Tenho dito!