98
As plataformas digitais, em particular o WhatsApp e o Facebook, foram o principal meio de disseminação de desinformação em Angola ao longo de 2025, concentrando conteúdos falsos ou enganosos sobretudo nas áreas da política e governação, da economia e sistema financeiro e da saúde pública. A conclusão consta de uma análise interna do Verifica.ao, plataforma angolana dedicada à verificação de factos.
Segundo o levantamento, mais de 70% da desinformação teve origem ou ganhou grande alcance através das redes sociais, frequentemente em grupos de WhatsApp e páginas do Facebook sem identificação editorial, pseudo-noticiosas ou sem autoria verificável.
A política e governação surge como a área mais visada, representando cerca de 40 a 45% dos casos analisados. As alegações circularam sobretudo em períodos de maior tensão política e exploraram a rapidez de propagação digital e a ausência de comunicação oficial imediata.
O sector económico e financeiro corresponde a aproximadamente 20 a 25% da desinformação verificada. Rumores sobre bancos, activos estratégicos do Estado e privatizações alegadamente realizadas em segredo circularam amplamente em ambientes digitais, beneficiando da complexidade dos processos económicos.
A saúde pública representa cerca de 15% dos casos analisados, com destaque para mensagens alarmistas relacionadas com o coronavírus. Muitos destes conteúdos são textos antigos reutilizados que circulam no WhatsApp como actuais, sendo falsamente atribuídos a entidades oficiais.
No domínio da segurança pública, cerca de 10% dos casos envolveram vídeos captados noutros países africanos e apresentados como se tivessem ocorrido em Angola. A verificação destes conteúdos recorreu à análise forense digital, que identificou incongruências linguísticas, de fardamento e de contexto operacional.
Embora ainda minoritários, os conteúdos gerados com recurso à inteligência artificial (IA) representam entre 5 e 8% dos casos analisados. Foram identificados vídeos manipulados de figuras públicas a promover plataformas fraudulentas de “ganhos fáceis”, difundidos através das redes sociais.
A análise conclui que a desinformação em Angola segue padrões tecnológicos bem definidos, explorando a velocidade de circulação nas plataformas digitais, a reutilização de conteúdos e a ausência de verificação antes da partilha.
Perante este quadro, o Verifica.ao apela à confirmação da informação junto de fontes oficiais e plataformas de verificação antes da sua partilha.



