O programa espião (spyware) em questão chama-se “Ubiqo” e foi descoberto através de uma investigação conjunta entre os meios de comunicação Mediapart, Der Spiegel, Domani, IrpiMedia, EU Observer e a organização sem fins lucrativos Lighthouse Reports. A investigação revela que o “Ubiqo” está a ser activamente usado em vários países, para monitorizar pessoas em nome de alguns clientes cujas identidades permanecem desconhecidas.
Considerado a versão europeia do Pegasus, programa espião criado pela empresa israelita NSO Group, o relatório da investigação descreve o “Ubiqo” como uma ferramenta capaz de “rastrear os movimentos de quase qualquer pessoa que carregue um telemóvel, seja a quarteirões de distância ou em outro continente”, isto além de fornecer análises sofisticadas do comportamento da vítima. Os seus ataques não deixam nenhum vestígio e não dependem de qualquer interação da vítima para serem executados.
De acordo com a investigação, o “Ubiqo” pertence a Tykelab, uma pequena e pouco conhecida empresa italiana ligada à RCS Labs, outra empresa italiana de programas de espionagem, que é a responsável pelo spyware Hermit. Foram encontradas vítimas afectadas pelo “Ubiqo” em países africanos (Mali e Líbia), europeus (Portugal, Grécia, Itália, Roménia e Macedónia), asiáticos (Iraque, Malásia, Paquistão e Cazaquistão) e americanos (Nicarágua e Costa Rica).
A investigação revela que a Tykelab utiliza redes telefónicas, principalmente localizadas em ilhas remotas da região do Pacífico, para enviar “dezenas de milhares de ‘pacotes de rastreamento’ secretos” às vítimas. Para tal, a empresa explora as vulnerabilidades existentes no chamado “sistema de sinalização 7” (SS7, na sigla inglesa), que permitem ao spyware descobrir a localização dos utilizadores e “potencialmente”, de acordo com a investigação, interceptar chamadas sem que as vítimas se apercebam.
As amostras em que se baseou a investigação foram submetidas a uma análise independente por dois especialistas em segurança: Karsten Nohl, do Security Research Labs na Alemanha, e Jean Gottschalk, da Telecom Defense Ltd, nos EUA. Ambos chegaram às mesmas conclusões, com Karsten Nohl enfatizando que “alguém está a espionar em grande escala pela rede telefónica”.
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