O governo queniano refutou as conclusões presentes num relatório da Reuters, segundo as quais hackers chineses realizaram uma ampla operação cibernética contra o país, a partir de 2019, que resultou na invasão às infra-estruturas da State House (a casa presidencial), ministérios e vários outros departamentos do governo.
Segundo a agência, o ataque afectou oito ministérios e vários departamentos governamentais do Quénia por quatro anos, incluindo o gabinete do presidente do país, o Serviço Nacional de Inteligência, o Tesouro Nacional e o Ministério das Relações Exteriores. A Reuters sugere que os atacantes procuravam por documentos relactivos à dívida externa do Quénia para com a China.
Entretanto, o Secretário de Estado para Segurança Interna e Administração Nacional do país, Raymond Omollo, já veio a público negar a ocorrência do incidente, descrevendo o relatório da Reuters como “propaganda patrocinada”. De acordo com as autoridades quenianas, as alegações apresentadas no relatório não foram submetidas à prova oficial de existência por entidades relevantes, tanto do governo queniano quanto do governo chinês.
“O relatório deve ser visto como propaganda patrocinada. A ampla circulação e o entusiasmo por sua atribuição por outros meios de comunicação estrangeiros com inclinações bem conhecidas sugerem ainda mais um ataque coreografado e planeado contra a soberania do Quénia,” disse o secretário citado pelo Capital FM.
O secretário explicou que a maioria das infra-estruturas críticas da rede implantada pelo governo do Quénia é proveniente da China. “É razoável, portanto, contemplar que, se o país de origem desejasse se infiltrar nos mesmos sistemas que ajudou a instalar, dificilmente envolveria hackers de terceiros”, acrescenta.
No mesmo sentido, a embaixada da China no Quénia negou acção atribuída ao seu país, destacando que foi “irresponsável e pouco profissional da agência de notícias Reuters fazer as alegações”. Segundo a embaixada, “a China e o Quénia são bons amigos, bons parceiros e bons irmãos”.
A Reuters, no entanto, mantém a sua posição e garante que baseou as suas conclusões em três fontes, incluindo relatórios de pesquisa de segurança cibernética e análises internas da agência sobre dados técnicos relacionados a ataques cibernéticos. De acordo com a agência, os hackers procuraram obter informações sobre os biliões de dólares da dívida do Quénia para com a China e as estratégias de pagamento do país da África Oriental.