A República Democrática do Congo (RDC) está a promover o seu complexo hidroelétrico no Rio Congo como a localização ideal para data centers. O governo acredita que uma parceria com operadores desta indústria pode ser a chave para desbloquear o potencial massivo do local, que actualmente gera menos de 2 gigawatts, uma fracção dos seus 44 gigawatts de capacidade possível.
O chefe da Agência de Desenvolvimento Inga do Congo, Bob Mabiala Mvumbi, defende que, com um potencial quase duplo da Represa das Três Gargantas na China, água de arrefecimento abundante e acesso a redes de fibra, “não se teria um lugar melhor do que Inga para um data center. Esta combinação única de factores posiciona o Inga como um activo estratégico global”, disse.
De acordo com a Bloomberg, o complexo de Inga, que alberga duas barragens construídas há mais de quatro décadas, viu os seus planos de expansão, através do megaprojecto Grand Inga, serem repetidamente adiados devido a custos e logística. No entanto, um novo impulso parece estar a ganhar forma.
A próxima fase, conhecida como Inga III, está a ser revitalizada não só pela procura tecnológica, mas também pela grave escassez de energia que afecta o crucial sector mineiro de cobre do país.
À Bloomberg, o CEO do Standard Bank Corporate and Investment Banking, uma das entidades de investimentos e financiamento em projectos de transicção energética de África, confirmou que gigantes tecnológicos como o Google e a Amazon Web Services já anunciaram diversos projectos nas regiões Oriental e Meridional do continente.
“Se for possível garantir um fornecimento de energia consistente, a África continuará a ser um ponto de entrada relativamente mais barato em comparação com os mercados desenvolvidos”, afirmou Luvuyo Masinda, sublinhando que se fala de investimentos na casa dos “3 a 4 mil milhões de dólares”.
Esta iniciativa surge numa altura em que empresas como a OpenAI e a Oracle Corp. estão activamente a explorar data centers com capacidade de vários gigawatts, infra-estruturas com uma capacidade energética suficiente para alimentar centenas de milhares de residências anualmente.