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Durante a GITEX Africa 2024, que decorreu de 29 a 31 de Maio último, estivemos à conversa com o presidente da Redington para a região do Médio Oriente e África, Sayantan Dev, cuja empresa tem como principal parceiro em Angola a Real Distribution of Great Technologies (RDGT), que actua no sector da distribuição de serviços de tecnologias de informação.
Ao longo da conversa, Sayantan Dev expôs a sua visão sobre o posicionamento estratégico da Redington em África e no Médio Oriente, a evolução e o panorama da adopção tecnológica em África e a presença da empresa em Angola onde conta com o seu parceiro estratégico RDGT.
Portal de T.I (PTI) – Pode partilhar alguns insights sobre como a Redington está estrategicamente posicionada dentro região do Médio Oriente e África e que propostas de valor exclusivas ela oferece aos seus clientes e parceiros?
Sayantan Dev (SD) – A Redington está na região do Médio Oriente e África há 34 anos. Iniciamos as nossas operações nos Emirados Árabes Unidos e em África estamos presentes há mais de 20 anos.
Começamos com a pequena marca, com um contrato em um país e depois expandimos ao longo dos anos. Agora, temos um portfólio que se expande desde os dispositivos endpoints até dispositivos de mobilidade, data centers, Cloud e aplicativos de segurança. É o portfólio mais completo do que de qualquer distribuidor e agregador que há na região. Essa é a nossa proposta de valor.
Por um lado, criamos capacidades e competências no fornecimento de soluções logísticas para a cadeia de suprimentos, temos centros de distribuição automatizados e estamos a construir mais outros. Por outro lado, também criamos capacidades em torno da entrega de serviços de valor agregado à computação em nuvem e todas as práticas relacionadas a aplicativos de segurança em nuvem.
Portanto, temos hoje um portfólio completo não apenas de produtos, mas também de capacidades que se expandem desde soluções de cadeia de suprimentos de última geração até serviços de valor agregado.
PTI – Com a sua vasta experiência no sector de TI, especialmente em áreas como distribuição de valor agregado, computação em nuvem e segurança, como vê a evolução e o panorama da adopção tecnológica em África?
SD – Há duas coisas acontecendo: globalmente, há uma democratização massiva da tecnologia. Tudo começou com a criação de grandes data centers e torná-los acessíveis para as pessoas por meio da computação em nuvem, permitindo que estes executem modelos muito mais fortes e famintos por recursos de computação. E temos uma outra tendência em que a palavra-chave é a inteligência artificial (IA). A essência da IA é a democratização da tecnologia.
Portanto, globalmente a tecnologia está a se tornar muito mais acessível e vemos uma maior democratização dela. Em África, o uso da IA pode ser massivo, vemos esta tendência e, em alguns casos, a adopção tecnológica é muito alta. Quando olhamos para regiões como a África Oriental, vemos um forte crescimento de muitas startups no espaço Fintech e o M-PESA da Safaricom é um bom exemplo. Isso acontece porque, em muitos casos, há menos pressão regulatória nessa região, não estou a dizer que isso seja bom ou mau, mas às vezes muita pressão regulatória limita o avanço tecnológico.
Dito isso, eu vejo coisas interessantes a acontecerem em África. A Adopção tecnológica é alta e parece-me haver uma maior democratização no uso das ferramentas tecnológicas, aumentando o número de utilizadores e beneficiários incluindo em muitas zonas rurais de difícil acesso.
PTI – Dado o rápido avanço da tecnologia, como a Redington garante que ela permaneça à frente da curva no fornecimento de soluções de ponta para a sua clientela, ao mesmo tempo que mantém a confiabilidade e consistência?
SD – Se olhar para a nossa história, verá que a Redington sempre investiu antes de olhar para os benefícios do investimento. Somos uma organização listada e muito bem estruturada, temos objectivos e metas muito claras em relação ao retorno sobre o investimento, mas não somos necessariamente consumidos por retornos imediatos.
As nossas estratégias sempre foram de longo prazo, a auditoria tem sido de longo prazo, por isso sempre investimos em tecnologias antes delas se tornarem muito conhecidas. Este é um ponto, o outro ponto, que é engraçado, é que somos bons em identificar tendências com antecedência e, uma vez identificada a tendência, tentamos fazer os investimentos certos e criamos um plano de como podemos construir e expandir essas práticas.
A outra coisa é que não nos restringimos ao chamado espaço de distribuição tradicional, como, por exemplo, o negócio de computadores. Isto é, não nos limitamos apenas a entregar dispositivos e fazer a distribuição, procuramos também gerir o ciclo de vida do produto para garantir os nossos serviços.
De modo similar, a nível da Cloud não ajudamos apenas os nossos clientes a consumir os nossos produtos através dos nossos parceiros de hiperscala, nós também prestamos muito serviço de assessoria, damos conselhos e os ajudamos na migração de serviços, incluindo suporte para fluxos de trabalho que vão desde os mais básicos até aos mais críticos.
Ao mesmo tempo, também ajudamos os clientes na optimização dos seus serviços de Cloud. Temos uma plataforma chamada Track my Cloud, através da qual auxiliamos os nossos clientes a optimizarem o uso da Cloud, incluindo todas as sinopses. Actualmente estamos a trabalhar na construção de um robusto portal de gestão de Cloud chamado Cloud Works, que também funciona como um marketplace e através do qual os nossos parceiros de Cloud podem visualizar os seus diferentes consumos em hiperescala para diferentes clientes.
Então, estamos constantemente a observar e a tentar identificar as tendências de hoje e de amanhã para, consequentemente, investirmos antes, sem nos preocuparmos com os resultados imediatos. Ao invés disso, preocupamo-nos em diminuir a lacuna tecnológica.
PTI – A Redington dá importância ao desenvolvimento de canais. Poderia delinear algumas estratégias empregues para fortalecer relacionamentos com parceiros e melhorar a sua capacidades em servir os clientes finais de forma eficaz?
SD – Somos um canal 100% personalizado e organizado, o que significa que não transaccionamos directamente com os clientes, a menos que exista uma exigência específica com o canal para que o nosso parceiro nos traga uma empresa de canal 100% muito limitada em princípio. A razão é que acreditamos que o potencial da escala artística de qualquer negócio ou prática só está disponível na colaboração mútua.
Apoiamos os nossos parceiros a ir até os seus clientes resolvendo questões complexas, ajudando-os a implementar serviços e, em certos casos, fazendo a migração por eles, isso para não perderem nenhuma oportunidade.
Portanto, somos uma organização muito centrada no canal, acreditamos que o potencial da transformação digital só pode ser desbloqueado através de exemplos de colaboração eficazes que vemos no mercado e, naturalmente, uma escala e receitas tão grandes não seriam possíveis a menos que tivéssemos o poder de multiplicação.
PTI – Olhando para o futuro, quais são as principais áreas de foco ou iniciativas que a Redington está a priorizar para impulsionar o crescimento e estabelecer ainda mais a sua presença como líder em TI distribuidor e prestador de serviços em Angola e RDC?
SD – Bem, a prioridade da Redington é estar à frente da curva da enorme dinâmica do mercado tecnológico. Isso envolve o entendimento das mudanças tecnológicas e a criação de práticas para garantir que essas inovações e disrupções sejam efectivamente levadas ao mercado pelo nosso canal.
Também estamos envolvidos em muitas parcerias importantes em Angola, onde temos o nosso parceiro estratégico muito importante, a RDGT, que nos ajuda a levar o nosso negócio para dentro deste mercado. Como qualquer outro parceiro estratégico, tentamos apoiá-los com os nossos investimentos em termos de todas as nossas melhores práticas e continuaremos a fazê-lo.
Estamos a nos tornar mais locais nos países africanos, isso será central e fundamental para a toda a região, particularmente para Angola. De modo geral, investiremos principalmente em áreas validadas. O nosso foco em África vai além do papel comercial, acho que África precisa disso, de apoio ao ecossistema. Portanto, estamos muito comprometidos com o continente e os nossos esforços em África continuarão.