O mercado de criptomoedas teve um início de semana difícil, com o bitcoin a cair abaixo dos 29 mil dólares norte-americano, níveis não observados desde Dezembro de 2021. Entretanto, as atenções estão também voltadas para um caso mais específico: o colapso das moedas do protocolo Terra, cuja stablecoin viu o seu valor a cair para menos de 1 dólar norte-americano.
Hoje, 12 de Maio, as duas principais moedas do protocolo continuaram com o seu ciclo de quedas, com a moeda nativa, LUNA, que já foi uma das 5 maiores criptomoedas do mercado, a perder 99% do seu preço e 76% do seu valor de mercado. Na mesma linha, a sua stablecoin, TerraUSD (UST), perdeu 67% do seu preço. Por trás do colapso está a própria natureza dos dois activos, apontam especialistas.
Gráfico sobre o comportamento da LUNA hoje – Créditos: TradingView
TerraUSD – uma stablecoin algorítmica
Basicamente, existem, por um lado, as stablecoins da primeira geração, como Tether (USDT) e Circle (USDC), que mantêm o seu valor estável através da sua paridade ao dólar, ou seja, para cada uma unidade destes activos, há um equivalente em dólar guardado em um banco. Existem, por outro lado, as stablecoins algorítmicas, cuja a paridade face ao dólar é mantida sem o lastro comum verificado nas stablecoins da primeira geração.
A Terraform Labs, criadora do protocolo Terra e também da UST, adoptou este último conceito que é, de certa forma, inovador. Pois, diferentemente das USDT e USDC, a UST não possui reservas em moedas físicas, ela utiliza um modelo algorítmico que, em teoria, garante a paridade do seu valor com o dólar norte-americano.
Para dar consistência ao seu modelo de stablecoin, o protocolo conta com a LUNA, a segunda maior moeda da rede, para manter o equilíbrio do valor. Assim, para cada UST emitido, um dólar em LUNA é queimado.
Causa, consequência e proposta de solução do colapso
Ao que tudo indica o processo de queima não tem sido suficiente para estabilizar o valor da UST face ao dólar. Este foi, para muitos especialista, o ponto de partida da quebra do valor, pois a insuficiência gerou uma pressão nos vendedores, levando a stablecoin a perder a sua paridade ao dólar.
Do Kwon, CEO da Terraform Labs – Créditos: D.R
Face a situação, o CEO da Terraform Labs, Do Kwon, propôs um plano de revisão do modelo da UST para garantir que a stablecoin recupere a sua paridade. O plano passa por aumentar em quatro vezes a quantidade de LUNA emitida por dia, o que permitirá, segundo Do Kwon, que mais detentores de UST saquem os seus fundos.
“Naturalmente, isso terá um alto custo para os detentores de UST e LUNA, mas continuaremos a explorar diversas opções para trazer mais capital externo ao ecossistema e reduzir o excesso de oferta de UST”, reconheceu Do Kwon.
A proposta foi a presentada ao grupo de governança do protocolo e, durante a redacção desta matéria, parte considerável dos membros já tinha votado a favor da proposta, sem nenhum voto contra. Caso atinja 40% de LUNA em staking (cerca de 114 milhões de tokens), será aprovada. O que acontecerá de lá para frente, só o futuro dirá, mas a previsão é de que muita água ainda corra debaixo da ponte.
Até às 15:37 de hoje, horário de Luanda, a UST estava a ser negociada a 0,62 dólares, tendo registado uma ligeira subida de 52,34% nas últimas 24 horas, uma perda de 37,97% nos últimos 7 dias e de 38,03% nos últimos 30 dias. Por seu turno, a LUNA esteve a ser negociada a 0,03 dólares, com um registo de perdas distribuído em 97,98% nas últimas 24 horas; 99,96% nos últimos 7 dias e 99,93 % nos últimos 30 dias.
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