437
As startups CYTO e Tech by Tech são as vencedoras do Programa Costumer Identification (C.ID) que resulta de uma iniciativa colaborativa entre a EMIS e a Acelera Angola, destinada a impulsionar a inovação na indústria de pagamentos e financeira em Angola.
Os vencedores, escolhidos entre os seis finalistas divididos em dois grupos, foram anunciados na passada sexta-feira (31) durante a cerimónia de encerramento do programa. Na ocasião, as startups apresentaram as soluções inovadoras por si desenvolvidas para responderem aos dois desafios propostos pela EMIS.
Dois desafios, duas soluções
O primeiro desafio, referente a “Abertura de contas transversal”, consistia em criar uma API que permite os utilizadores abrirem uma conta de pagamentos ou bancária 100% digital. A solução criada deveria permitir abrir qualquer tipo de conta, de qualquer prestador de serviço de pagamentos, devendo também incluir a componente de integração com os sistemas actuais e explorar o open banking.
Venceu este desafio a startup CYTO, que é uma instituição financeira não bancária focada em transacções internacionais. Segundo o CEO da CYTO, Joachim Valot, a proposta de valor principal da solução apresentada é a facilitação da abertura de conta.
“Hoje, o processo de abertura de uma conta bancárias leva entre duas semanas a dois meses. A nossa solução digitaliza esse processo, permitindo que as instituições financeiras registem os angolanos de maneira mais fácil”, disse.
Plataforma digital segura de registo nacional
O segundo desafio, relactivo à “Plataforma digital segura de registo nacional”, consistia em criar uma plataforma digital universal que trata do registo e validação de identidade dos angolanos usando os serviços existentes do Estado. A solução apresentada deveria fornecer uma API para as entidades poderem garantir a identidade do cidadão, explorar a biometria e identificação facial, cumprindo as melhores práticas e respeitando a Lei de Protecção de Dados, entre outras leis.
Venceu esta categoria a startup Tech by Tech, cuja solução de verificação e identificação digital, denominada “Angola ID”, utiliza os dados do bilhete de identidade do cidadão com o cruzamento do reconhecimento facial, para fazer a identificação do utilizador durante o acesso a uma plataforma.
De acordo com o CEO da Tech by Tech, Juvenal Lunguenda, a solução assemelha-se ao serviço de verificação da Google, que permite aos utilizadores entrar numa plataforma usando a conta Google apenas, excluindo a necessidade do utilizador inserir dados como e-mail e palavra-passe.
“A nossa visão é levar o utilizador a fazer um único registo no Angola ID e daí para frente passar a utilizar esta mesma conta para autenticar o acesso a outros serviços digitais, como entrada em plataformas ou criação de conta bancária e emissão de documentos, por exemplo”, disse.
“Os jovens angolanos estão sedentos de tecnologia e de inovação”
O assessor da Comissão Executiva da EMIS, Eduardo Bettencourt, fez uma avaliação “bastante positiva” de todo o processo que culminou na apresentação das soluções, sublinhando que o processo provou que os jovens estão sedentos de tecnologia e de inovação.
“O que vimos, e isto é muito interessante, são os jovens, muitos deles universitários, engenheiros de software, engenheiros de dados e muitos técnicos de marketing e marketing digital, sendo que 99% deles estudaram em faculdades angolanas. Portanto, a variedade é imensa e prova que, de facto, os jovens angolanos estão sedentos de tecnologia e de inovação, e querem contribuir para o crescimento sustentável de Angola”, disse.
Eduardo Bettencourt fez saber que o programa de mentoria não garante uma parceria, mas observou que o passo a seguir é procurar perceber juntos das startups vencedoras de que forma a EMIS pode ajudar na continuidade das soluções apresentadas e na materialização da sua entrada no mercado.
O Programa C.ID foi apresentado em Dezembro de 2023 e recebeu cerca de 110 candidaturas, das quais 30 startups foram apuradas para participar no programa. Após passarem pelas fases de Bootcamp Get Ready, Product Building, Pitch e Reverse Pitch, o grupo foi reduzido para 10 startups e destas apenas seis startups passaram para a final, sendo três para o primeiro desafio e igual número para o segundo desafio.