A agência francesa de frequências, órgão que actua como fiscalizador de radiação da França, proibiu as vendas do iPhone 12 da Apple após testes que, segundo a entidade, confirmam que o dispositivo emite níveis de radiação electromagnética superiores aos permitidos na União Europeia.
Em termos práticos, no iPhone 12 a Taxa de Absorção Específica, uma medida da taxa de energia de radiofrequência absorvida pelo corpo humano a partir de um equipamento, é maior do que o legalmente permitido no espaço europeu. A descoberta, segundo a Reuters, resultou já em 42 restrições impostas às vendas no país.
A Apple contesta as conclusões da agência francesa e afirma que o seu dispositivo está certificado por vários organismos internacionais como compatível com os padrões globais de radiação. A tecnológica garante que continuará a interagir com a agência para mostrar que o seu dispositivo está em conformidade.
De acordo com o ministro júnior da economia digital da França, Jean-Noel Barrot, o problema pode ser resolvido com uma actualização de software por parte da Apple. O responsável admite, contudo, que se a tecnológica americana não resolver a questão nas próximas duas semanas, a agência francesa de frequências ordenará a recolha dos iPhones 12 em toda a França.
Sobre a Taxa de Absorção Específica
A Taxa de Absorção Específica é uma medida referente à dose de energia que o corpo humano absorve de qualquer fonte de radiação. É expresso em watts por quilograma de peso corporal.
Nos telemóveis, a radiação resulta da forma como estes funcionam. Estes dispositivos são capazes de transmitir ondas de radiofrequência, criando campos electromagnéticos, mas, diferente da radiação dos raios X ou raios gama, a radiação dos telemóveis não consegue ultrapassar ligações químicas nem causar alterações nas células do corpo humano.
Durante os estudos, a agência francesa de frequências identificou uma Taxa de Absorção Específica de 5,74 watts por quilograma nos testes com o iPhone 12 posicionado na mão ou no bolso da calça.
A quantidade está além do padrão europeu fixado em 4,0 watts por quilograma. Ainda assim, não representa nenhum risco para a saúde humana, segundo o presidente da Comissão Internacional de Protecção contra Radiação Não Ionizante, o órgão que define as directrizes para os limites a nível mundial.