Por: Crisóstomo Mbundu
A sua Internet está lenta? Os e-mails, bases de dados, sites e aplicações, abrem?
Quando falamos de conteúdos digitais, referimo-nos ao alojamento estratégico dos nossos dados em plataformas que nos tirem a preocupação do alojamento e nos garantem resiliência, acima de tudo baixa latência 24/7: hospedar o mais próximo do consumidor final é a palavra de ordem.
O digital está cheio de soluções que vão desde domínios corporativos gratuitos, pagos, hospedagem de sites, bases de dados, APIs e qualquer aplicação baseada na web. O desafio é saber onde colocar os dados, pois o alojamento coloca-nos numa posição de vítima.
Créditos: D.R
Actualmente, mais de 80% dos dados digitais consumidos em África têm como origem a Europa, ou seja, os nossos e-mails, as nossas bases de dados, as estatísticas (quando elas existem), os nossos metadados estão em plataformas europeias, as razões são inúmeras, o fundamental é pensar nas formas para minimizar. Antes mesmo de focar nas possíveis soluções, devemos destacar o impacto:
- Aumento do custo de acesso aos dados pelos proprietários;
- Muitos pontos únicos de falhas que dependem de terceiros;
- Reduzimos a autonomia no controlo dos nossos dados.
Que soluções africanas podem resolver os nosso desafios e como minimizar o impacto para os países africanos?
O nosso continente tem estado a desenvolver um rico ecossistema de conectividade em múltiplos hubs, nomeadamente África do Sul, Nigéria, Quénia, Uganda entre outros, particularizando Angola, com o privilégio do seu posicionamento estratégico a nível da conectividade que permite entregar diversidade de rotas para as Américas, Ásia e Europa.
Esta pujança, se associada aos pontos de troca de tráfego local (Angonix e o Angola IX), serviços de data center com alojamento local (hosting e cloud computing), diminui o impacto dos cortes internacionais, além de elevar os níveis da soberania dos dados nacionais.
Créditos: D.R
Por que não resolvemos os nossos problemas com as nossas soluções?
Estas soluções são uma realidade que desfavorece o continente africano por inúmeras razões que passo a citar:
- Fraca confiança nas soluções localmente desenvolvidas;
- Alojamento dos seus conteúdos em plataformas no exterior (Europa);
- Aumento dos pontos de falha (sistemas submarinos, data centers e outros).
Os brasileiros só precisam de buscar 20% de conteúdos digitais na Europa, o restante é mantido localmente. Pensamos que o mais recente evento sobre governança digital é uma iniciativa fundamental que deve olhar para estes aspectos de cunho imperativo e propor soluções que nos coloquem menos vulneráveis a situações que não controlamos.
É fundamental pensar Angola, priorizando as soluções feitas em Angola, assim estimulamos a economia, solidificando a soberania digital.